A pesquisa ouviu 1.503 pessoas das classes A, B, C, D e E de todo o Brasil para entender os impactos da pandemia sobre a população
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Os efeitos negativos da pandemia da Covid-19 são mais sentidos por mulheres, pretos e pardos e estratos com menor renda da população brasileira, revela pesquisa encomendada pelo C6 Bank ao Datafolha. O estudo, conduzido a fim de entender os impactos da pandemia sobre a população, mostra que as questões psicológicas, profissionais e financeiras advindas da crise afetam mais esses grupos do que os demais. A pesquisa ouviu 1.503 pessoas das classes A, B, C, D e E de todo o Brasil. As entrevistas foram realizadas por telefone entre 6 e 10 de julho, e a margem de erro é de 3 pontos porcentuais.
Embora o estresse provocado pela pandemia acometa a maior parte dos brasileiros, a intensidade com que ele se manifesta varia, em muitos casos, conforme renda, escolaridade, cor da pele e gênero.
A pesquisa também mostra que, ao mesmo tempo em que as obrigações com a família aumentaram para as mulheres brasileiras, elas experimentam mais solidão neste período de pandemia do que eles. Enquanto 49% das mulheres se sentem muito isoladas e solitárias, 38% dos homens brasileiros relatam o mesmo. A diferença se amplia quando se observa quem tomou medicamento durante a pandemia para combater a ansiedade: 19% de mulheres versus 9% de homens.
O estresse com relação às finanças e o sentimento de solidão também é maior entre os autodeclarados pretos e pardos e as pessoas de menor remuneração. Cerca de metade dos integrantes das classes D e E se sente muito solitária e isolada, versus 24% da classe A, uma diferença de 26 pontos porcentuais.
Quando a pergunta é sobre redução da renda familiar, 61% dos pretos e pardos, 60% da classe C e 61% das camadas D e E afirmam que essa é a realidade para eles, enquanto 54% dos brancos e 50% das classes A e B reportam o mesmo.
O cenário é semelhante quando a pergunta é: “precisou adiar pagamentos ou renegociar dívidas?”. Enquanto metade dos brasileiros da classe C disse que atrasou pagamentos ou renegociou dívidas, 34% das pessoas das classes A e B tiveram de se preocupar com isso. Essa proporção sobe para 48% entre pretos e pardos, contra 40% dos brancos. Considerando a base total de entrevistados, 69% dos brasileiros cortaram ou reduziram gastos pessoais ou gastos com a família.
A necessidade do corte de despesas pode ter razões que vão além da pandemia.
A pesquisa do Datafolha/C6 Bank também mostra que 43% dos brasileiros hoje desempregados perderam o emprego durante a pandemia da Covid-19. Os residentes do sul do Brasil e das cidades do interior e os entrevistados com renda entre um e cinco salários mínimos foram os mais afetados.
A porcentagem é igualmente relevante quando observada a redução de salário dos trabalhadores brasileiros. Cerca de um terço da população economicamente ativa assalariada passou a receber menos de seu empregador, o que representa 9% da população acima de 16 anos. Essa situação é mais frequentemente relatada por assalariados com ensino básico e pelos integrantes das classes C, D e E. Enquanto nesses grupos a porcentagem dos que tiveram o salário reduzido chega quase a 40%, nas classes A e B e no ensino superior essa fatia cai para cerca de 20%.
O peso da crise provocada pela pandemia se faz presente de maneira relevante também entre autônomos, profissionais liberais, empresários e freelancers. Quase oito em cada dez profissionais dessa categoria relataram que a quantidade de trabalho diminuiu em relação às demandas que recebiam antes da pandemia, e esse grupo representa 18% da população brasileira.
O trabalho foi totalmente paralisado para 45% deles, segundo o estudo. Essa fatia aumenta mais de cinco pontos porcentuais entre pretos e pardos, profissionais com renda de até cinco salários mínimos e moradores de regiões metropolitanas do país.
Desde 2019, o C6 Bank conduz uma série de pesquisas para entender os hábitos financeiros do brasileiro e contribuir para o debate sobre cidadania financeira no país. Desta vez, em razão do contexto da pandemia, o banco resolveu ampliar o escopo da pesquisa a fim de compreender melhor o impacto da crise sanitária na população não só no âmbito financeiro, mas também na saúde mental e na vida profissional dos brasileiros.