Confira as principais notícias da semana, segundo a avaliação da equipe econômica do C6 Bank
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Confira as principais notícias da semana (5/2-9/2), segundo a avaliação da equipe econômica do C6 Bank. Leia a íntegra do relatório.
O setor de serviços acelerou em janeiro. O índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) do Instituto ISM registrou alta de 3 pontos para 53,4 no mês, sinalizando expansão no setor. O subíndice de demanda subiu, sinalizando crescimento do consumo, e o indicador de emprego também avançou. Preços pagos tiveram forte aumento no período, indicando pressão inflacionária persistente.
Em relatório semanal, os pedidos iniciais de seguro-desemprego continuam em níveis baixos para padrões históricos, em 218 mil na semana encerrada em 3 de fevereiro, 9 mil abaixo da semana anterior revisada.
O presidente do banco central americano (Federal Reserve – Fed), Jerome Powell, voltou a afirmar em entrevista que cortes de juros são improváveis em março, pois o comitê de política monetária precisa ganhar confiança que a inflação segue em direção à meta de forma sustentável. Vários outros membros do comitê reforçaram o ponto, falando que ainda é cedo para cortar juros e que mais dados são necessários.
Em nossa visão, a comunicação recente de membros do Fed, o mercado de trabalho aquecido e índices de inflação subjacente (medida por diversas métricas divulgadas pelo Fed) persistente corroboram nossa expectativa de que o ciclo de corte de juros nos Estados Unidos deve começar no terceiro trimestre deste ano. No entanto, reconhecemos que existem chances de um corte no segundo trimestre, caso o núcleo da inflação, medido pelo PCE, venha abaixo do esperado nas próximas divulgações.
A guerra entre Rússia e Ucrânia se estende e está próxima de completar dois anos. O conflito segue sem perspectiva de fim próximo.
Os preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) diminuíram 0,8% em dezembro frente ao mês anterior, segunda queda consecutiva, de acordo com dados do Eurostat. Em 12 meses, o PPI apresenta deflação de 10,6%, o que deve continuar ajudando a diminuir a pressão sobre os preços ao consumidor.
As vendas no varejo continuaram baixas em dezembro, diminuíram 1,1% frente ao mês anterior depois de expansão de 0,3% em novembro, segundo dados revisados do Eurostat. O dado veio praticamente em linha com o esperado e segue abaixo da tendência pré-pandemia. Apesar do aumento na renda e da queda da inflação, a redução nas vendas ocorreu em vários países da região, como Alemanha (-1,6%), França (-1%) e Espanha (-1,4%).
A inflação ao consumidor segue em contração, segundo o Escritório Nacional de Estatísticas chinês (NBS, na sigla em inglês). Esta foi a quarta queda consecutiva, puxada pelos preços de alimentos e energia. O índice cheio registrou deflação de 0,8% no acumulado de doze meses até janeiro e o núcleo do índice, que exclui alimentos e energia, desacelerou para 0,4% no mesmo período. Em parte, a menor inflação em janeiro reflete a sazonalidade do feriado de ano novo lunar, que ano passado ocorreu em janeiro, mas neste ano acontece em fevereiro. O fraco desempenho da inflação também sugere uma demanda doméstica frágil. O índice de preços ao produtor (PPI) retraiu 2,5%, com menor preço de energia no mercado internacional. Esta foi a décima sexta queda consecutiva.
O fluxo de crédito agregado subiu em janeiro e alcançou novo recorde. O volume de crédito foi de 6,5 trilhões de yuans, segundo o Banco Central da China (PBOC, na sigla em inglês). Empréstimos bancários tiveram forte alta, com aumento dos empréstimos de médio e longo prazo às empresas, possivelmente refletindo investimentos em infraestrutura e outros setores-chave, e aumento moderado às famílias.
O conflito entre Israel e o Hamas completou quatro meses. Não houve impacto relevante nos mercados globais por enquanto, mas a atenção continua quanto a uma escalada do conflito na região, que é a maior exportadora de petróleo. A crise geopolítica pode demorar algum tempo.
Ainda no Oriente Médio, os militantes Houthis do Iêmen, contra Israel, seguem atacando navios no Mar Vermelho e sofrendo contra-ataques dos Estados Unidos, com apoio de aliados. O preço do frete marítimo, principalmente nas rotas entre China e Europa, segue elevado. Uma intensificação ou continuidade prolongada dos bombardeios pode ter impacto nas cadeias globais de produção, causando pressões inflacionárias em diversas regiões.
O preço do ouro ficou estável na semana, mas segue mais de 10% acima do registrado antes do início do conflito entre Israel e Hamas (6/10).
O preço futuro do petróleo (Brent) subiu 4% na semana de 1 a 8 de fevereiro, fechando pouco acima de 80 dólares por barril, depois de queda na semana anterior.
O preço futuro do gás natural na Europa diminuiu 4% na semana. Os estoques da commodity no continente europeu continuam elevados, mantendo um alívio nos preços. Desde o início do conflito entre Rússia e Ucrânia, o preço do gás natural recuou e está em menos da metade do preço de janeiro de 2022 (pré-guerra).
Os preços futuros das commodities agrícolas na Bolsa de Chicago recuaram na semana. Entre os dias 1 e 8 de fevereiro, os preços do trigo, milho e soja caíram 2%, 3% e 1% respectivamente. O menor preço do trigo está relacionado à expectativa de forte produção global este ano.
As projeções para o IPCA ficaram estáveis para 2024 (3,81%), 2025 (3,5%) e 2026 (3,5%). Os números esperados para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) não tiveram alterações para 2024 (1,6%) e nem para 2025 (2%). A taxa Selic permaneceu em 9% para 2024 e em 8,5% para 2025 e 2026. As projeções estão no Boletim Focus, relatório do Banco Central que reúne a expectativa das instituições financeiras em relação aos principais indicadores econômicos do país.
A Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) de dezembro mostrou queda de 1,3% frente ao mês anterior no volume de vendas no comércio varejista ampliado, pior que o esperado por nós e pelo mercado. Em relação ao nosso número, a maior surpresa negativa veio do setor de atacarejo. No ano de 2023 o varejo ampliado registrou expansão de 2,4%. Para 2024, o varejo deve continuar contribuindo positivamente para o PIB.
Já a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), também de dezembro, mostrou que o volume de serviços expandiu 0,3% na comparação mensal. O segmento de serviços prestados às famílias, que tem um peso relevante no PIB, registrou alta de 3,5% no mês, segunda alta seguida, e atingiu pela primeira vez um nível acima do pré-pandemia. Para 2024, projetamos que o setor de serviços deve seguir em expansão.
Os resultados dos índices de atividade de dezembro indicam leve alta de 0,1% para o PIB do 4T de 2023, fechando o ano em 3%. Para 2024 e 2025, projetamos um crescimento de 1,5% para o PIB.
O IPCA de janeiro registrou alta de 0,42%, acima da nossa projeção (0,37%) e do consenso de mercado (0,35%). O índice acumula alta de 4,51% em 12 meses. Por dentro, serviços subjacentes vieram fortes e acima do esperado pelo mercado. O segmento de serviços como um todo foi influenciado pela queda pontual de 15,2% nas passagens aéreas e ficou praticamente estável. Bens industriais registraram alguma surpresa para cima, mas seguem sendo o segmento que puxa a desaceleração da inflação. A média dos núcleos da inflação, calculada pelo Banco Central, uma medida mais limpa da tendência dos preços, mostra tendência de desaceleração e acumula alta de 4,2% em 12 meses. Nesta mesma métrica, serviços estão em 5,6% e bens industriais em 1,3%. A inflação de serviços deve permanecer pressionada em função do mercado de trabalho apertado. Projetamos uma inflação de 5% para 2024 e 2025.
A inflação medida pelo IGP-DI apontou queda de 0,27% em janeiro, abaixo da mediana das projeções do mercado (-0,10%). Em 12 meses, o índice registra contração de 3,61%. O IPA agrícola acumula queda de 12,2% e o núcleo do IPA industrial retração de 2,16%. No mês, a composição dos índices de atacado mostrou o IPA agrícola com queda de 1,48%. O núcleo do IPA industrial – que inclui apenas os itens relacionados à inflação de bens industriais do IPCA, excluindo alimentos, combustíveis e minério de ferro – registrou leve alta de 0,04%. Embora ainda em patamar negativo nessas métricas, os preços de atacado já mostram alguma estabilização dos preços nos últimos meses.
A conta corrente registrou déficit de US$ 5,8 bilhões no mês de dezembro. Considerando o dado com nosso ajuste sazonal, houve déficit de US$ 2,3 bilhões. O saldo foi positivo na balança comercial, porém negativo em serviços e rendas. Em 2023, o saldo de transações correntes fechou com déficit de 1,3% do PIB (US$ -28,6 bi). O Investimento Estrangeiro Direto (IED) veio negativo em US$ 0,4 bilhão, mas no ano registrou entradas de US$ 62 bilhões. Para 2024, projetamos déficit de US$ 4 bi e para 2025 saldo positivo de US$ 7 bi para as transações correntes.
O setor público consolidado apresentou um déficit primário de R$ 129,6 bi em dezembro. No acumulado do ano, o resultado consolidado ficou negativo em R$ 249,1 bi, o equivalente a 2,3% do PIB – maior déficit desde 2020, ano da pandemia. Mesmo desconsiderando os pagamentos extraordinários de precatórios, o déficit ainda foi elevado (1,4% do PIB). A dívida líquida encerrou o ano em 60,8% e a dívida bruta em 74,3% - ambas em alta em relação ao ano anterior. Projetamos, por ora, déficit do setor público consolidado de 0,7% do PIB tanto para 2024 quanto 2025.
O Banco Central divulgou na terça-feira (6) a ata das reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) dos dias 30 e 31 de janeiro. Acreditamos que a comunicação do Copom segue compatível com quedas adicionais de 0,5% na taxa Selic nas duas próximas reuniões. No texto, o Comitê adotou um tom mais preocupado em relação ao mercado de trabalho e seus possíveis impactos sobre a inflação. Essa mudança na mensagem sinaliza uma piora no balanço de riscos e torna menos provável uma aceleração do ritmo de cortes de juros e/ou uma extensão do ciclo para além dos 9% já neste ano.
O texto segue afirmando que é unânime, entre os membros do Comitê, a visão de que os próximos cortes terão magnitude semelhante à atual (50 pontos-base). Na avaliação do órgão, “esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”. Projetamos Selic em 9,25% ao final de 2024 e em 8,5% ao final de 2025. Na nossa visão, o texto da ata mantém o plano de voo original do Copom, mas introduz um tom adicional de cautela.
Equipe Econômica C6 Bank
Felipe Salles Head
Claudia Moreno Head Brasil
Claudia Rodrigues Head Internacional
Felipe Mecchi Internacional
Heliezer Jacob Brasil
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