Confira na íntegra a projeção da equipe econômica do C6 Bank para a taxa básica de juros
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O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) deve aumentar mais uma vez a taxa básica de juros, segundo a projeção da equipe econômica do C6 Bank. A expectativa é que a taxa Selic passe dos atuais 13,25% ao ano para 13,75% — uma alta de um ponto percentual.
A informação consta na nota divulgada pela equipe liderada pelo economista-chefe Felipe Salles nesta sexta-feira (10). Leia, abaixo, a nota completa preparada pela equipe econômica do C6 Bank:
O Banco Central decidirá a taxa de juros na próxima quarta-feira (3/8). Esperamos alta de 50 pontos-base, levando a taxa Selic para 13,75% ao ano. Com relação à comunicação, acreditamos que o comitê deve sinalizar pelo menos mais um ajuste nos juros na reunião de setembro.
Na última reunião, em junho, o Comitê elevou a taxa Selic em 50 pontos-base, para 13,25%, e sinalizou um novo ajuste, de igual ou menor magnitude, para a reunião seguinte. Na ata, o Copom esclareceu que a estratégia de convergência para o redor da meta no horizonte relevante exige a “manutenção da taxa de juros em território significativamente contracionista por um período mais prolongado que o utilizado no cenário de referência”. Além disso, afirmou que somente esta perspectiva de taxa Selic alta por mais tempo não asseguraria a convergência da inflação para o redor da meta no horizonte relevante e que, portanto, seria necessário mais um ajuste nos juros na reunião de agosto.
De fato, na nossa visão, a manutenção da taxa Selic em patamares significativamente contracionistas por um período prolongado seria mais efetiva para trazer a inflação à meta do que elevações adicionais de juros.
As projeções de inflação do BCB no cenário de referência situavam-se em 8,8% para este ano e em 4% para o próximo ano (acima da meta de 3,25%). Para 2024, o modelo indicava inflação de 2,7%. Desde a última reunião, ocorreram os seguintes desdobramentos que afetam o cenário prospectivo para a inflação: (i) a projeção de IPCA para 2022 do Focus caiu de 8,5% para 7,3%, influenciada pela implementação da Lei Complementar 194/2022 que reduziu a alíquota de ICMS para combustíveis, energia elétrica e telecomunicações; (ii) as expectativas de inflação para os anos seguintes subiram (o IPCA para 2023 subiu de 4,7% para 5,3% e para 2024 de 3,25% para 3,30%); (iii) a taxa de câmbio depreciou (passou de R$ 4,90 para R$ 5,30); (iv) a projeção de taxa de juros do Focus registrou alta (passou de 13,25% para 13,75% para 2022 e de 10% para 10,75% para 2023).
A alta nas projeções da taxa Selic ao final de ciclo e de 2023 foram decorrentes da própria comunicação do Banco Central, conforme citamos acima. No entanto, estas elevações não foram suficientes para ancorar as expectativas de inflação, que continuaram subindo. Acreditamos que a deterioração das expectativas de inflação justifica pelo menos mais dois ajustes na taxa básica de juros. O Copom deve subir a Selic em 50 pontos-base para 13,75% na reunião de agosto e sinalizar um novo ajuste para a reunião subsequente.
Vale ressaltar que, nas reuniões de agosto e setembro, o BCB deve estender seu horizonte relevante de política monetária e passar a olhar também para o ano de 2024, ainda que com peso menor do que o ano de 2023. De qualquer forma, o ano de 2023 seguirá sendo o foco principal da política monetária. Nas duas reuniões subsequentes (novembro e dezembro), a probabilidade de elevações adicionais de juros diminui, dado que os anos de 2023 e 2024 passarão a ter pesos iguais e as projeções do Copom já indicam IPCA de 2024 abaixo da meta.
Em resumo, acreditamos que o cenário é condizente com duas altas adicionais de 50 pontos-base nas reuniões de agosto e setembro, elevando a taxa Selic ao nível de 14,25%, finalizando o ciclo de ajuste monetário. A Selic deve permanecer neste patamar até pelo menos o último trimestre de 2023.
Equipe Econômica C6 Bank
Felipe Salles Head
Claudia Moreno Head Brasil
Claudia Rodrigues Head Internacional
Felipe Mecchi Internacional
Heliezer Jacob Brasil
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