Confira as principais notícias da semana (15/7-19/7), segundo a avaliação da equipe econômica do C6 Bank. Leia a íntegra do relatório.
Atualizado em
A atividade da indústria teve crescimento sólido em junho. A produção industrial aumentou 0,6% no mês contra o mês anterior, depois de forte crescimento em maio, segundo dados do banco central americano (Federal Reserve, Fed). A produção de junho foi apoiada em um crescimento mais alto em manufaturas, 0,4%. Em outra pesquisa, divulgada pelo Departamento de Comércio americano, as vendas no varejo ficaram estáveis em junho. O núcleo do índice, chamado grupo de controle, acelerou para 0,9% frente ao mês anterior.
O setor imobiliário continuou apresentando dados fracos. O núcleo do indicador de permissão para construir continuou recuando em junho frente à maio (-2,3%), a quinta contração consecutiva do índice, segundo dados divulgados pelo Departamento do Comércio. Este indicador costuma antecipar o início de construções, cujo núcleo também continuou contraindo em junho. Em outra pesquisa, o índice de confiança das construtoras (NAHB Housing Market Index) teve leve redução em julho, permanecendo abaixo da média pré-pandemia. O ambiente de juros altos tem sido um desafio para as construtoras por tornar os empréstimos mais caros, dificultando a atividade do setor e diminuindo as perspectivas de vendas.
Em relatório semanal, os pedidos iniciais de seguro-desemprego continuam em níveis baixos para padrões históricos, em 243 mil na semana encerrada em 13 de julho. Nessa semana, houve um leve aumento nos pedidos, em razão de um furacão que atingiu o Texas na semana passada.
O presidente do Fed, Jerome Powell, disse que as últimas leituras de inflação aumentam a confiança do comitê de política monetária de que a inflação está desacelerando em direção a meta de 2%, sinalizando um possível corte de juros em breve. Outros membros do comitê de política monetária reforçaram o ponto, mas acrescentaram que o trabalho ainda não está completo.
Em nossa visão, o Fed deve cortar juros este ano, em razão do mercado de trabalho menos aquecido, a atividade moderada e a desaceleração da inflação.
A guerra entre Rússia e Ucrânia está no terceiro ano e continua sem perspectiva de fim próximo.
A produção industrial teve contração. Segundo o Eurostat, o índice registrou queda de 0,6% em maio frente ao mês anterior com ajuste sazonal, depois de ficar estável em abril. Houve menor produção na Alemanha (-2,4%) e na França (-2,1%), compensadas por forte produção da Irlanda. Excluindo a Irlanda – país que costuma introduzir volatilidade ao índice, em razão de direitos de propriedade intelectual e instalações fora do país – o índice teve queda de 1,3%.
O Banco Central Europeu (BCE) manteve as taxas de juros inalteradas, conforme esperado. A decisão de pausa ocorreu depois do primeiro corte de juros na reunião anterior. A taxa de depósito permaneceu em 3,75% ao ano. Em comunicado, o Banco reiterou que as informações recentes estão em linha com a avaliação anterior da instituição sobre a trajetória da inflação no médio prazo. O BCE reconhece que a pressão sobre os preços segue elevada, em razão dos preços de serviços. E, segundo o comunicado, a inflação deve continuar acima da meta em boa parte do próximo ano – como mencionado na reunião anterior. A presidente do BCE, Christine Lagarde, disse que a decisão foi unânime e reforçou que o comitê segue dependente de dados, não antecipando um viés para a decisão de setembro. Segundo Lagarde, a política monetária deve continuar restritiva até ganharem mais confiança na trajetória de desinflação. Em nossa visão, o BCE ainda deve cortar juros novamente este ano.
No Reino Unido, a inflação ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) continuou subindo. O índice cheio teve leve aumento de 0,1% em junho em relação ao mês anterior. Já o núcleo, que exclui alimentos, energia, álcool e tabaco, aumentou 0,2%, segundo o Escritório Nacional de Estatísticas britânico (ONS, na sigla em inglês). O setor de serviços continua sendo o principal responsável pela persistência da inflação. Em 12 meses, o núcleo do indicador aumentou em 3,5%, com preços de serviços acumulando alta de 5,7%, ambos acima do esperado.
O mercado de trabalho britânico segue com sinais de moderação, mas com salários em alta. De acordo com o ONS, nos três meses até maio, a taxa de desemprego permaneceu estável em 4,4%, enquanto a taxa de participação teve leve aumento. As contratações subiram levemente em junho, segundo pesquisa PAYE. O número de vagas abertas continua diminuindo e a razão vagas por desempregado está levemente abaixo do nível pré-pandemia. Nos três meses até maio, houve desaceleração no ganho médio semanal (excluindo bônus), de 6% para 5,7% comparado ao mesmo período do ano anterior, um ritmo ainda forte. Em nossa visão, o Banco da Inglaterra deve manter os juros em pausa na próxima decisão de política monetária (1/8).
No Reino Unido, o volume de vendas no varejo contraiu em junho depois de subir em maio, segundo dados divulgados pelo ONS. No geral, as vendas seguem fracas.
O PIB cresceu 4,7% no 2T24 em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, segundo o Departamento Nacional de Estatísticas da China (NBS, na sigla em inglês). A expansão veio bem abaixo do esperado e foi impactada pelo menor consumo doméstico. A desaceleração do PIB coloca em risco a meta do governo de crescimento “em torno de 5%”.
Em junho, o consumo doméstico voltou a perder força, enquanto a indústria segue em expansão, apoiada por exportações crescentes. Segundo dados divulgados pelo NBS, as vendas no varejo desaceleraram para 2% em junho comparadas a junho de 2023. A produção industrial cresceu 5,3% no período (acima do esperado), com sólido crescimento na produção de automóveis e aumento significativo na produção de computadores e eletrônicos. A produção de setores relacionados a construção (cimento e aço) segue fraca. Os investimentos vieram conforme o esperado (aumento de 3,9% de janeiro a junho comparado ao mesmo período do ano anterior) com o investimento forte em manufaturas e moderado em infraestrutura. Investimentos no setor imobiliário continuam contraindo. A taxa de desemprego urbano permaneceu em 5% em junho.
O setor imobiliário segue fraco. As vendas de casas novas continuam em queda. O início de novas construções também segue encolhendo. O preço de casas novas nas 70 maiores cidades chinesas diminuiu 0,7% em junho contra o mês anterior, décima terceira queda consecutiva. O preço de casas no mercado secundário também continua em queda. O estoque de casas não vendidas segue elevado. As medidas anunciadas pelo governo em maio para encorajar compras de imóveis e reduzir os estoques de construtoras, não tiveram impacto relevante até o momento.
O Banco do Povo da China (PBoC, na sigla em inglês) manteve a taxa de juros de médio prazo em 2,5% ao ano, conforme o esperado. Existe uma expectativa de corte de juros adiante, principalmente depois das orientações do Politburo em abril para que a autoridade monetária apoie a atividade econômica. Com a inflação do país em baixa (CPI acumulado em 12 meses está em 0,2%), a taxa de juros real tem permanecido elevada, o que desencoraja os investimentos. No entanto, um corte de juros tende a desvalorizar a moeda local frente ao dólar, o que pode aumentar tensões comerciais.
Esta semana ocorreu a Terceira Sessão Plenária do XX Congresso do Partido Comunista Chinês. O foco do evento são reformas estruturais para apoiar o crescimento econômico no médio e no longo prazo. O comunicado já divulgado, que traz apenas objetivos gerais, veio conforme o esperado, citando a necessidade de uma maior igualdade no apoio ao setor público e privado, aumento da produtividade (com educação, tecnologia, capital humano), maior urbanização com integração entre urbano e rural (diminuindo desigualdades), mais modernização de políticas ambientais e da sociedade, com desenvolvimento verde, melhor distribuição de renda, seguridade social, emprego e apoio ao crescimento populacional. O comunicado adicionou que metas sociais e econômicas precisam ser alcançadas, sinalizando que alguns anúncios para apoiar a economia no curto prazo estão por vir.
No fim deste mês, ocorre a reunião do Politburo com foco em medidas de curto prazo. Um grande estímulo à economia não é esperado, mas é possível que o governo anuncie mais esforços para estabilizar o setor imobiliário e promover mais demanda interna. Um alívio na política monetária (corte de juros e ou compulsório) também é esperado. No lado fiscal, é provável que haja um aumento na emissão de títulos públicos locais, que estão abaixo da meta do ano, para mais investimentos em infraestrutura.
No Oriente Médio, o conflito entre Israel e Hamas completou nove meses. Até o momento, não houve uma escalada do conflito na região, que é a maior exportadora mundial de petróleo. Os ataques de Houthis a embarcações no Mar Vermelho seguem afetando o frete marítimo global. A crise geopolítica pode demorar algum tempo.
O preço futuro do petróleo (Brent) apresentou pouca variação, mas segue elevado, encerrando a semana (de 11/7 a 18/7) em torno de 85 dólares por barril. A expectativa é que continue nesse patamar, em razão da maior demanda por combustível associada ao período de férias e verão no hemisfério norte, e da menor oferta dos países membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados, que mantém cortes na produção.
O preço futuro do gás natural na Europa subiu na semana, mas segue em patamar baixo. Os estoques continuam elevados na região. O preço continua menos de 40% do que era antes do início da guerra entre Rússia e Ucrânia.
Os preços de grãos continuaram cedendo. O preço do trigo diminuiu 3,5%, com condições favoráveis para aumento da produção nos Estados Unidos. O preço do milho e da soja tiveram contração similar de 4%.
As projeções para o IPCA registraram uma pequena alteração para 2024 (de 4,02% para 4%) e para 2025 (de 3,88% para 3,9%). Para 2026, não houve variações (3,6%). O número esperado para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) ficou praticamente inalterado para 2024 (de 2,10% para 2,11%) e não apresentou mudanças para 2025 (1,97%). A taxa Selic permaneceu estável para 2024 (10,5%), para 2025 (9,5%) e para 2026 (9%). As projeções estão no Boletim Focus, relatório do Banco Central que reúne a expectativa das instituições financeiras em relação aos principais indicadores econômicos do país.
A inflação medida pelo IGP-10 apontou alta de 0,45% em julho, acima da mediana das projeções do mercado (0,38%). A composição dos índices de atacado mostrou o IPA agrícola com alta de 0,8%. O núcleo do IPA industrial – que inclui apenas os itens relacionados à inflação de bens industriais do IPCA, excluindo alimentos, combustíveis e minério de ferro – subiu 0,4%. Em 12 meses, o índice está em 3,4%, acima do patamar de 1,8% registrado no mês anterior. O IPA agrícola acumula alta de 3,3% e o núcleo do IPA industrial acumula expansão de 1,1%.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou ontem (18) uma contenção de R$ 15 bilhões em despesas, sendo R$ 11,2 bilhões de bloqueio e R$ 3,8 bilhões de contingenciamento. Os números serão mais detalhados na próxima semana na divulgação do Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias do 3º Bimestre.
Equipe Econômica C6 Bank
Felipe Salles Head
Claudia Moreno Head Brasil
Claudia Rodrigues Head Internacional
Felipe Mecchi Internacional
Heliezer Jacob Brasil
Este relatório foi preparado pelo Banco C6 S.A.
Cada analista de Macro Research é o principal responsável pelo conteúdo deste relatório e atesta que:
Os números contidos nos gráficos de desempenho referem-se ao passado; o desempenho passado não é garantia de resultados futuros.
(i) todas as opiniões expressas refletem com precisão suas opiniões pessoais e eventual recomendação foi elaborada de forma independente, inclusive em relação ao Banco C6 S.A. e / ou suas afiliadas;
(ii) nenhuma parte de sua remuneração foi, está ou estará, direta ou indiretamente, relacionada a quaisquer recomendações específicas realizadas pelo analista.
Parte da remuneração do analista vem dos lucros do Banco C6 S.A. e / ou de suas afiliadas e, consequentemente, as receitas decorrem de transações mantidas pelo Banco C6 S.A. e / ou suas coligadas.
Este relatório foi preparado pelo Banco C6 S.A., uma instituição regulada por autoridades brasileiras.
O Banco C6 S.A. é responsável pela distribuição deste relatório no Brasil.
Índice
Compartilhar