Confira as principais notícias da semana, segundo a avaliação da equipe econômica do C6 Bank
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Confira as principais notícias da semana (19/9-23/9), segundo a avaliação da equipe econômica do C6 Bank. Leia a íntegra do relatório.
O Banco Central americano (Federal Reserve - Fed) elevou o intervalo de juros para 3% a 3,25% ao ano, subindo a taxa básica em 75 pontos-base, pela terceira vez consecutiva. O aumento nos juros era esperado em razão de um mercado de trabalho forte e inflação elevada. Este foi o quinto aumento consecutivo, totalizando 300 pontos-base desde o início do ciclo de alta em março deste ano. No comunicado, o Comitê reforçou seu compromisso de alcançar a meta de inflação de 2% ao ano. Quanto ao balanço patrimonial, manteve que a redução continua conforme anunciado na reunião de maio. Membros do Comitê revisaram para baixo suas expectativas de crescimento da economia americana, aumentaram suas expectativas de inflação e desemprego e sinalizaram uma trajetória de juros mais elevada. O presidente do Fed, Jerome Powell, disse que o Comitê está comprometido em alcançar uma política monetária restritiva rapidamente e permanecer com taxas de juros elevadas até estar confiante que a inflação está convergindo para a meta. Acrescentou que um pouso suave da economia será desafiador. Em nossa visão, a política monetária sinalizada pelo Fed ainda não é suficiente para trazer a inflação para a meta em um horizonte próximo.
A atividade teve leve melhora no mês de setembro. As prévias dos índices de gerentes de compras (PMIs, na sigla em inglês) subiram em relação ao mês anterior. O PMI composto, que inclui o setor de manufaturas e serviços, aumentou 4,7 pontos para 49,3, em razão de melhora no setor de serviços e aumento moderado no setor de manufaturas. No detalhe, o PMI de serviços subiu 5,5 pontos para 49,2 e o PMI de manufaturas subiu 0,3 ponto para 51,8. O indicador regional de atividade industrial do Federal Reserve (Fed) de Kansas veio mais fraco e abaixo do esperado no mesmo período. Houve leve melhora na produção, mas a demanda continuou fraca. Emprego permaneceu firme e preços estáveis.
Setor imobiliário continua mostrando enfraquecimento. O índice de permissão para construir novas unidades contraiu 10% em agosto, segundo o Departamento de Comércio, sinalizando atividade no setor ainda mais baixa nos próximos meses, em meio a preços elevados e taxas de hipoteca em alta. O índice de construção de novas moradias subiu, mas com núcleo permanecendo bem abaixo da média de 2021. A venda de casas usadas contraiu 0,4% no mesmo período, segundo a Associação Nacional de Corretores de Imóveis (NAR, na sigla em inglês). Este foi o sétimo mês consecutivo de queda e o nível de vendas está no menor patamar em 2 anos. Os estoques de casas disponíveis para venda têm aumentado na margem, mas seguem baixos e ainda pressionam preços. A confiança das construtoras (NAHB Housing Market Index) teve queda de 3 pontos, recuando para 46 em setembro. Desde o início do ano, o setor tem contraído, indicando que taxas de hipotecas mais altas têm pesado sobre vendas e otimismo das empresas.
O mercado de trabalho segue aquecido. Em relatório semanal, os pedidos iniciais de seguro-desemprego seguem em níveis baixos, em 213 mil na semana encerrada em 17 de setembro, 5 mil acima da semana anterior.
O conflito entre Rússia e Ucrânia se estende por sete meses. O presidente russo, Vladimir Putin, aumentou a tensão esta semana ao declarar uma mobilização parcial, convocando reservistas, e ao planejar referendos nos próximos dias em áreas ucranianas ocupadas parcialmente por tropas russas. Os referendos serão sobre uma anexação de quatro territórios. O mesmo aconteceu em 2014 antes da anexação da Crimeia. Ucrânia e aliados denunciam o ato como ilegal e poucos países devem reconhecer o resultado. Depois das ações de Putin, ministros de países da União Europeia começaram a preparar novas sanções ao país. Protestos aumentaram também na Rússia contra a mobilização de reservistas. Na Ucrânia, as contra-ofensivas continuam principalmente na região norte e leste. O país segue recebendo ajuda militar, financeira e humanitária do Ocidente. Bombardeios russos continuam principalmente no leste. O conflito se estende por mais tempo do que era previsto.
Os preços das commodities continuam com alta volatilidade, mas entre os dias 16 e 22 de setembro ficaram praticamente estáveis. O petróleo teve leve queda, em meio a preocupações quanto à desaceleração global. O gás natural continua pressionado pela forte queda no fornecimento russo. No entanto, países membros da União Europeia têm avançado em planos de redução no consumo e aumento de seus estoques.
A atividade contraiu pelo terceiro mês consecutivo em setembro, de acordo com as prévias dos índices de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês), sinalizando enfraquecimento no 3T22. Houve queda na demanda, fraca criação de empregos e maior pressão de preços, principalmente de energia, pesando sobre empresas. Tanto o PMI de manufaturas quanto o de serviços diminuíram e continuam abaixo de 50 pontos. O PMI de serviços caiu 0,9 ponto, para 48,9, o de manufaturas diminuiu 1,1 ponto, para 48,5, permanecendo em território contracionista pelo terceiro mês consecutivo. Houve queda no índice composto reportado pela Alemanha (45,9 pontos, terceiro mês consecutivo em contração) enquanto na França o índice subiu moderadamente (51,2 pontos, permanecendo em leve expansão) com resiliência do setor de serviços.
A confiança do consumidor voltou a piorar em setembro, alcançado novo mínimo da série histórica. O índice da Comissão Europeia diminuiu 3,8 pontos, para -28,8, seguindo uma tendência de queda desde o início da guerra na Ucrânia, com inflação em alta e preocupações quanto a uma crise de energia associada ao menor fornecimento de gás natural por parte da Rússia.
O Banco Central da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) elevou a taxa de juros em 50 pontos-base, para 2,25%, conforme esperado. O aumento foi o sétimo consecutivo, mas o segundo de 50 pontos-base. O Banco indicou que está preparado para mais aumentos se necessário e diminuiu sua expectativa de pico da inflação este ano de mais de 13% para pouco menos de 11% em outubro, em razão dos programas de auxílio do governo às famílias e empresas para redução do preço de energia. Apesar do menor pico, o BoE prevê inflação elevada, acima de 10% nos próximos meses, antes de começar a ceder. Além do aumento nos juros, o Banco começará a reduzir seu balanço patrimonial conforme anunciado na reunião de agosto: a venda de títulos do governo começa em outubro e deve girar em torno de £10 bilhões por trimestre.
O governo britânico anunciou um pacote fiscal de cortes de impostos às famílias e empresas, reduzindo a alíquota sobre famílias e cancelando um aumento de alíquota sobre empresas que ocorreria no próximo ano. As medidas têm por objetivo impulsionar a economia e evitar uma recessão, mas os custos aos cofres públicos serão altos e se somam aos gastos já anunciados de apoio às famílias e empresas para diminuir a conta de energia.
A prévia do PMI no Reino Unido sinalizou contração pelo segundo mês consecutivo, com manufaturas e serviços abaixo de 50. O PMI de manufaturas subiu 1,2 ponto para 48,5 e o PMI de serviços diminuiu 1,7 ponto para 49,2. A demanda continuou fraca, a produção caiu e preços de insumos e produtos subiram. A criação de emprego continuou forte.
O quadro de Covid-19 teve melhora esta semana, com número de casos diários terminando a semana abaixo de 1.000, valor inferior à média da semana anterior. O número de áreas de risco tem diminuído, mas permanece elevado, o que significa que restrições à mobilidade continuam em várias áreas. A política de Covid zero adotada pelo país mantém um controle rigoroso sobre circulação de pessoas quando casos aumentam, o que traz dificuldades para a economia. Restrições seguem rígidas este mês que antecede reunião quinquenal do partido comunista em meados de outubro.
O Banco Central da China (PBOC, na sigla em inglês) manteve inalteradas as taxas de juros de curto prazo (LPR 1 ano) e de longo prazo (LPR 5 anos), conforme esperado. A LPR 1 ano permaneceu em 3,65% e a LPR 5 anos em 4,30%. Na semana passada o PBOC já tinha deixado inalterada a taxa de médio prazo em meio a pressão sobre a moeda chinesa que tem se desvalorizado com a desaceleração da economia e expectativas de aumento de juros nos Estados Unidos esta semana. O PBOC sinalizou que existe espaço para redução dos juros nos próximos meses.
A projeção para o IPCA apresentou queda para 2022 (de 6,40% para 6%) e para 2023 (de 5,17% para 5,01%), mas registrou alta para 2024 (de 3,47% para 3,50%). O número esperado para o Produto Interno Bruto (PIB) registrou alta para 2022 (passou de 2,39% para 2,65%) e ficou estável para 2023 (em 0,5%). A taxa Selic ficou estável em 13,75% para o final deste ano, em 11,25% para 2023 e em 8% para 2024. As projeções estão no Boletim Focus, relatório do Banco Central que reúne a expectativa das instituições financeiras em relação aos principais indicadores econômicos do país.
O Banco Central do Brasil (BCB) confirmou as expectativas e manteve a taxa Selic em 13,75% nesta quarta-feira. Com relação à comunicação, o Comitê afirmou que se “manterá vigilante, avaliando se a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período suficientemente prolongado será capaz de assegurar a convergência da inflação”.
A projeção de inflação do BCB no cenário de referência passou de 6,8% para 5,8% para 2022, ficou estável em 4,6% para 2023 e passou de 2,7% para 2,8% para 2024. Este cenário supõe trajetória de juros que permanece em 13,75% até o final de 2022, reduz-se para 11,25% ao final de 2023 e para 8% ao final de 2024. O Comitê “optou novamente por dar ênfase ao horizonte de seis trimestres à frente, que reflete o horizonte relevante, suaviza os efeitos diretos decorrentes das mudanças tributárias, mas incorpora os seus impactos secundários”. A projeção para este período no modelo do Banco Central se manteve em 3,5%.
O Comitê afirmou que “irá perseverar até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas.” De fato, as projeções da Pesquisa Focus encontram-se acima das metas em 2022 (6% versus 3,5%), 2023 (5% versus 3,25%) e 2024 (3,5% versus 3%). O Comitê enfatizou “que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado.” Ou seja, o Comitê deixou a porta aberta para voltar a subir juros, caso necessário, mantendo uma postura mais dura no seu discurso.
No entanto, alguns pontos nos levam a acreditar que, após um período de manutenção dos juros no patamar atual, o passo seguinte deve ser de flexibilização da política monetária. A projeção do IPCA do BCB supõe reversão em 2023 de algumas medidas tributárias adotadas recentemente. Acreditamos que essa reversão não irá acontecer, o que, na nossa visão, pode reduzir as projeções de IPCA do BCB em torno de 90 pontos-base em 2023 e, via inércia, 30 pontos-base em 2024.
Em resumo, acreditamos, por ora, que a comunicação e as projeções do BCB são condizentes com a manutenção da taxa Selic em 13,75% por algum tempo, seguida do início de um ciclo de queda de juros. Aguardamos a ata da reunião, que será divulgada na próxima terça (27), para termos mais detalhes sobre os rumos futuros da política monetária.
Equipe Econômica C6 Bank
Felipe Salles Head
Claudia Moreno Head Brasil
Claudia Rodrigues Head Internacional
Felipe Mecchi Internacional
Heliezer Jacob Brasil
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