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Resumo Semanal: EUA – Diminuem chances de corte de juros no 1S24

Confira as principais notícias da semana (1/4 – 5/4), segundo a avaliação da equipe econômica do C6 Bank. Leia a íntegra do relatório.

Atualizado em

Felipe Sales, Head da equipe econômica do C6 Bank, de braços cruzados, usando uma camiseta preta

Internacional

Estados Unidos: mercado de trabalho segue forte

O mercado de trabalho ganhou força e permanece robusto. O Departamento de Trabalho publicou dados referentes ao mês de março. De acordo com o Establishment Survey, houve criação de 303 mil empregos no período, um número elevado e acima do esperado. O ganho médio por hora trabalhada acelerou no mês e acumula alta de 4,1% nos 12 meses até março. O Household Survey mostrou que a taxa de desemprego cedeu para 3,8%, permanecendo baixa para padrões históricos, apesar do aumento na taxa de participação da força de trabalho. Outro relatório do Departamento de Trabalho, o Jolts, mostrou estabilização do número de vagas de emprego em aberto no mês de fevereiro. A proporção de vagas disponíveis por desempregado se mantém elevada em 1,4. Em relatório semanal, os pedidos iniciais de seguro-desemprego continuam em níveis baixos para padrões históricos, em 221 mil na semana encerrada em 30 de março, 9 mil acima da semana anterior, mas baixo para padrões históricos.

A atividade na indústria voltou a crescer em março. Depois de 16 meses seguidos de contração, o indicador de gerentes de compras do setor de manufaturas (PMI, na sigla em inglês) do Instituto ISM subiu 2,5 pontos frente ao mês anterior para 50,3. Na composição, houve forte aumento da produção e melhora da demanda. Os preços pagos subiram e seguem elevados.

O setor de serviços segue em expansão, porém mais moderada. O índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) do Instituto ISM registrou redução de 1,2 ponto para 51,4 em março. O subíndice de demanda diminuiu, mas segue indicando expansão, o indicador de emprego sinaliza menor contração. Preços pagos recuaram bem, mas seguem mostrando pressão inflacionária.

A renda e o consumo das famílias permaneceram elevados. Em fevereiro, a renda e os gastos do consumidor subiram 0,3% e 0,8%, respectivamente, frente ao mês anterior, segundo dados do Departamento do Comércio. E gastos com bens e serviços aumentaram.

A inflação subiu no mês conforme esperado e segue persistente em serviços. O índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) aumentou 0,3% em fevereiro em relação ao mês anterior, segundo dados do Departamento do Comércio americano. O núcleo do indicador, que exclui alimentos e energia, também aumentou 0,3%. Em doze meses, o núcleo do PCE continua acumulando alta de 2,8%, permanecendo acima da meta de 2% do banco central americano (Federal Reserve – Fed). A composição do índice mostra que o os serviços continuam elevados, pressionando o indicador. Outros indicadores de inflação subjacente calculados pelo Fed, que excluem do índice efeitos temporários, também seguem elevados, sugerindo inflação em torno de 3,5%. 

O presidente do Fed, Jerome Powell, reiterou que deve ser apropriado cortar juros em algum momento este ano. Segundo Powell, ainda é necessário ganhar confiança que a inflação está diminuindo de forma sustentável para 2%.

Em nossa visão, o mercado de trabalho forte e a inflação persistente diminuem as chances de o Fed iniciar o ciclo de corte de juros no primeiro semestre. Mantemos nossa visão de que os cortes devem começar no segundo semestre, mas há chances de não ocorrerem caso a desaceleração da inflação perca força.

Europa: BCE próximo de cortar juros

A guerra entre Rússia e Ucrânia completou dois anos e continua sem perspectiva de fim próximo.

As vendas no varejo continuaram fracas em fevereiro, o índice contraiu 0,5% frente ao mês anterior depois de ficar estável em janeiro, segundo o Eurostat. O dado veio um pouco menor do que o esperado e segue abaixo da tendência pré-pandemia.

O mercado de trabalho permanece robusto. A taxa de desemprego ficou em 6,5% em fevereiro, próxima do mínimo da série histórica, o que deve manter pressão sobre salários. O índice divulgado pelo Eurostat mostra heterogeneidade entre as economias do bloco. O desemprego permanece baixo na Alemanha (3,2%), mas alto na Espanha (11,6%).

A inflação ao consumidor continua desacelerando. O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) subiu 0,8% em março em relação ao mês anterior, segundo a prévia do Eurostat. No acumulado em 12 meses, o índice cheio desacelerou para 2,4%. O núcleo, que exclui alimentos e energia, também desacelerou de 3,1% para 2,9%, queda maior que a esperada. Na composição, o preço de bens continua contribuindo para redução do núcleo da inflação, mas os preços de serviços seguem pressionando o índice. A negociação de salários que vem acontecendo neste início de ano mantém o Banco Central Europeu (BCE) vigilante sobre uma possível pressão de preços.

Os preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) diminuíram 1% em fevereiro frente ao mês anterior, quarta queda consecutiva, de acordo com dados do Eurostat. Em 12 meses, o PPI apresenta deflação de 8,3%, o que deve continuar ajudando a diminuir a pressão sobre os preços ao consumidor.

A ata da reunião de março do Banco Central Europeu (BCE) mostrou que os membros do comitê de política monetária estão vendo progresso na desaceleração da inflação em direção à meta e acreditam que o momento de cortar juros está próximo. O texto e as falas recentes de membros do comitê pontuaram que, até junho, mais dados estarão disponíveis, principalmente sobre negociação de salários, o que deve ajudar a consolidar a trajetória de queda da inflação. Em nossa visão, o BCE deve cortar juros em junho em razão de uma desaceleração da atividade econômica e da inflação em curso.

China: indústria volta a crescer

A atividade mostrou sinais de melhor desempenho no 1T24, de acordo com os índices de gerentes de compras do mês de março (PMIs, na sigla em inglês), calculados pelo Escritório Nacional de Estatísticas chinês (NBS, na sigla em inglês). O PMI composto, que considera o setor de manufaturas, construção e serviços, subiu 1,8 ponto para 52,7, sinalizando expansão da atividade. O setor de manufaturas voltou a expandir (50,8) depois de 5 meses em contração. O setor de serviços segue com bom desempenho (52,4).

Commodities: petróleo segue em tendência de alta

O conflito entre Israel e o Hamas completa seis meses. Não houve impacto relevante nos mercados globais por enquanto, mas a atenção continua quanto a uma escalada do conflito na região, que é a maior exportadora de petróleo. A crise geopolítica pode demorar algum tempo.

O preço futuro do petróleo (Brent) encerrou a semana em 90 dólares por barril, subindo 3,5% no período. Os preços ganharam força com a confirmação de extensão do corte de produção da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (OPEP+) e com aumento da tensão no Oriente Médio, depois que um ataque aéreo atingiu o complexo diplomático do Irã na Síria; o país acusa Israel.

O preço futuro do gás natural na Europa diminuiu 4% e segue baixo, em razão dos estoques elevados na região e o fim da temporada de aquecimento. Desde o início do conflito entre Rússia e Ucrânia, o preço do gás natural recuou e está 70% abaixo do preço de janeiro de 2022 (pré-guerra).

Os preços futuros das commodities agrícolas na Bolsa de Chicago tiveram leve recuo pela segunda semana seguida. Entre os dias 28 de março e 4 de abril, o preço do trigo, do milho e da soja recuaram levemente, 0,7%, 1,5% e 1%, respectivamente.

Brasil

Focus: mais uma semana de alta no PIB de 2024

As projeções para o IPCA ficaram estáveis para 2024 (3,75%), para 2025 (3,51%) e para 2026 (3,5%). O número esperado para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) teve uma pequena alteração para 2024 (de 1,85% para 1,89%) e ficou estável para 2025 (2%). Vale mencionar que, apesar de pequena, foi a 7ª semana seguida de alta nas projeções de PIB deste ano. A taxa Selic continua em 9% para 2024 e em 8,5% para 2025 e 2026. As projeções estão no Boletim Focus, relatório do Banco Central que reúne a expectativa das instituições financeiras em relação aos principais indicadores econômicos do país.

Atividade: indústria emenda mais um mês de queda

A produção industrial de fevereiro registrou queda de 0,3% frente ao mês anterior. O resultado veio abaixo das projeções do mercado (+0,2) e em linha com a nossa. A queda foi impulsionada pela indústria extrativa, que registrou contração de 0,9%, enquanto a indústria de transformação ficou estável. O segmento de bens de capital – categoria ligada a investimentos em máquinas e equipamentos – subiu 1,8% e acumula expansão de 5,3% em relação a fevereiro de 2023. Para 2024, nossa expectativa é que a indústria seguirá em ritmo fraco, devendo contribuir pouco para a expansão do PIB. A queda dos juros deve dar algum fôlego para o segmento, mas não deve ser suficiente para sustentar um crescimento mais robusto. Projetamos um crescimento para o PIB brasileiro de 2,4% em 2024 e de 1,5% em 2025.

Inflação: IGP-DI segue em deflação

A inflação medida pelo IGP-DI apontou queda de 0,3% em fevereiro, acima da mediana das projeções do mercado (-0,39%). Em 12 meses, o índice registra contração de 4%. O IPA agrícola acumula queda de 11,6% e o núcleo do IPA industrial retração de 1,4%. No mês, a composição dos índices de atacado mostrou o IPA agrícola com alta de 0,92%. O núcleo do IPA industrial – que inclui apenas os itens relacionados à inflação de bens industriais do IPCA, excluindo alimentos, combustíveis e minério de ferro – voltou a subir (0,56%) após 3 meses de estabilidade.

Setor externo: conta corrente estável em 12 meses

A conta corrente registrou déficit de US$ 4,4 bilhões no mês de fevereiro. Considerando o dado com nosso ajuste sazonal, houve déficit de US$ 3,3 bilhões. O saldo foi positivo na balança comercial, porém negativo em serviços e rendas. No acumulado em 12 meses, o saldo de transações correntes está em -1,1% do PIB (US$ -24,7 bi), o mesmo nível do mês anterior. O Investimento Estrangeiro Direto (IED) veio positivo em US$ 5 bilhões. Para 2024, projetamos déficit de US$ 10 bilhões e para 2025 um saldo positivo de US$ 6 bilhões para as transações correntes.

Fiscal: déficit do setor público ainda elevado

O setor público consolidado apresentou um déficit primário de R$ 48,7 bilhões em fevereiro. No acumulado em 12 meses, o resultado consolidado está negativo em R$ 268,2 bilhões, o equivalente a 2,4% do PIB. A dívida líquida passou de 60,1% para 60,9% e a dívida bruta de 75,1% para 75,5%. Projetamos, por ora, déficit do setor público consolidado de 0,7% do PIB tanto para 2024 quanto para 2025.

Equipe Econômica C6 Bank

Felipe Salles Head
Claudia Moreno Head Brasil
Claudia Rodrigues Head Internacional
Felipe Mecchi Internacional
Heliezer Jacob Brasil

Este relatório foi preparado pelo Banco C6 S.A.

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