Relatório mensal: PIB brasileiro forte no 1º semestre

Equipe econômica do C6 Bank, liderada por Felipe Salles, divulga projeções

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A equipe econômica do C6 Bank, liderada por Felipe Salles, divulgou nesta quarta-feira (6) mais uma edição do seu relatório macroeconômico. Confira, abaixo, a íntegra do documento:

Resumo

Internacional

A atividade global segue em ritmo fraco em meio aos juros elevados. Nos Estados Unidos, o crescimento apresenta resiliência. Na Europa, esperamos recessão, principalmente em razão do alto custo da energia. Na China, o crescimento mais fraco tem levado o governo a anunciar medidas para que o crescimento do país fique mais próximo da meta de “em torno de 5%”.

Os bancos centrais de economias desenvolvidas sinalizaram que o fim do ciclo de alta pode estar próximo, mas que os juros devem permanecer elevados por um longo tempo. Em evento anual promovido pelo Federal Reserve (Fed), a mensagem do presidente da instituição e da presidente do Banco Central Europeu (BCE) foi a de continuidade na política monetária restritiva até que a inflação dê sinais claros de convergência para a meta.

Em países emergentes, o ciclo de corte de juros já começou. Brasil e Chile, por exemplo, reduziram os juros em 50 e 175 pontos-base, respectivamente, até o momento.

Brasil

Revisamos a projeção de crescimento do PIB de 2,5% para 3% em 2023 devido ao bom desempenho no 2T23.  No entanto, esperamos desaceleração no segundo semestre. Em 2024, a economia deve voltar a crescer, revisamos nossa projeção de crescimento de 1% para 1,5%.

O resultado primário do setor público consolidado deve ser deficitário em 1% do PIB em 2023 e 0,7% em 2024. Esses números incorporam as medidas fiscais anunciadas pelo governo.

Para a taxa de câmbio, projetamos R$ 5,30 ao final de 2023 e R$ 6 ao final de 2024. Contribuem para essa estimativa a perspectiva de queda da Selic e a elevação da dívida pública.

A inflação voltou a subir, após o vale registrado em junho. O IPCA deve terminar o ano de 2023 em 5,4%. Para 2024, esperamos que a inflação fique em 5,5% ao final do ano.

O Copom reduziu a taxa Selic de 13,75% para 13,25% na reunião de agosto e segue sinalizando quedas adicionais no mesmo ritmo de 50 pontos-base. Projetamos Selic de 11,75% ao final de 2023 e 9,25% em 2024.

Panorama Global

EUA

Indicadores de atividade apontam melhora incipiente, com o setor de manufaturas ainda em contração, porém mais moderada, e serviços em expansão mais forte. Os dois setores costumam andar juntos e a recente divergência pode ser explicada por um mercado de trabalho aquecido, que gera renda e mantém o consumo elevado (que é, em sua maior parte, composto de serviços). Acreditamos que a economia americana deve manter um bom desempenho na segunda metade do ano.

Apesar da melhora na atividade, o mercado de trabalho dá sinais de desaquecimento. A demanda por trabalhadores segue alta, mas com tendência de queda – o número de vagas em aberto por desempregado diminuiu pelo terceiro mês seguido e está em 1,5, nível ainda consistente com salários crescendo acima da produtividade. A taxa de desemprego aumentou para 3,8% em agosto, mas com aumento da participação na força de trabalho. Os ganhos por hora trabalhada desaceleraram. Os pedidos de seguro-desemprego, no entanto, continuam baixos.

A inflação segue pressionada por serviços. O PCE de julho veio praticamente em linha com o esperado, crescendo 3,3% no acumulado em 12 meses até julho. A composição do índice mostra que o setor de bens, mais afetado pelos juros, já não é mais uma preocupação. A inflação de serviços, por outro lado, continua persistente, com salários elevados (acima da produtividade) pressionando custos do setor. O núcleo da inflação (que exclui alimentos e energia) segue elevado, em 4,2%. Nossa expectativa é que a inflação continue desacelerando como consequência da política monetária mais restritiva do Fed, mas que não volte à meta em um horizonte próximo.

Em evento anual promovido pelo Fed, o presidente do Banco, Jerome Powell, reconheceu que a inflação permanece elevada e que os membros do comitê de política monetária estão preparados para manter uma política restritiva até que tenham confiança de que a inflação está caminhando para a meta. Acrescentou que a resiliência da economia americana pode exigir mais aumentos de juros à frente e reforçou que a próxima decisão (20/setembro) segue dependente da totalidade dos dados. Na útlima reunião, que ocorreu em julho, o Fed subiu o intervalo de juros para 5,25% a 5,5% ao ano – maior patamar em mais de 20 anos.

Mantemos nossa visão que o Fed deve optar por uma pausa em setembro para monitorar os efeitos defasados da política monetária implementada até aqui. Reconhecemos, no entanto, que o mercado de trabalho tem desaquecido mais rápido do que tínhamos previsto, o que deve ajudar a desacelerar a inflação. Apesar disso, acreditamos que os juros precisarão permanecer elevados por um longo período. Não prevemos cortes de juros antes de meados de 2024.

O dólar vem se valorizando desde meados de julho frente às principais moedas e segue forte. Em nossa visão, o dólar deve continuar forte em razão dos juros, que devem permanecer elevados nos Estados Unidos por um longo tempo. A desaceleração do crescimento europeu e a perda de fôlego da China também contribuem para um dólar mais apreciado.

Europa

A guerra entre Rússia e Ucrânia se estende pelo segundo ano. O foco dos bombardeios recentes tem sido a região do Mar Negro, onde navios e infraestrutura portuária se tornaram alvo depois que a Rússia não renovou o acordo de exportação de grãos com a Ucrânia em meados de julho. Portos no rio Danúbio, que viraram rotas alternativas para o escoamento da safra ucraniana, também têm sofrido ataques. O presidente da Turquia, que foi um dos mediadores do acordo de exportação anterior, se reuniu com Putin esta semana e se mostrou otimista com uma renovação do acordo, mas a Rússia faz exigências que podem dificultar o processo. A Ucrânia está entre os maiores produtores de trigo, milho e cevada. O conflito segue sem perspectiva de um fim próximo.

O preço do gás natural na Europa segue abaixo da média de janeiro do ano passado (menos da metade), período anterior à guerra, com estoques da commodity elevados no continente. No mercado internacional, o preço do petróleo (Brent) subiu e está próximo dos 90 dólares por barril, depois que a Arábia Saudita e Rússia decidiram estender o corte da produção por mais 3 meses (de outubro a dezembro). A redução na produção da Arábia Saudita de 1 milhão de barris por dia começou em julho.

A atividade deteriorou em agosto na área do euro, com sinais de contração no setor de serviços pela primeira vez no ano e contração persistente em manufaturas desde meados de 2022. A Alemanha, maior economia do bloco, segue enfraquecendo. A produção industrial do país tem sofrido, principalmente o segmento intensivo em energia, em razão dos custos elevados da matéria-prima (a despeito dos preços de gás natural estarem abaixo do pico). O mercado de trabalho continua aquecido na área do euro. A taxa de desemprego permaneceu no mínimo histórico da série iniciada em 1998, em 6,4% no mês de julho e deve manter pressão sobre salários.

Em meio ao enfraquecimento prolongado da atividade e uma desaceleração do principal parceiro comercial do bloco, a China, uma recessão parece possível nos próximos trimestres, depois de crescimento fraco no 1T23 e 2T23.

A inflação continua alta e com núcleo persistente. O índice de preços ao consumidor teve mesmo aumento do mês anterior, de 5,3% nos últimos doze meses até agosto. O núcleo da inflação, que exclui alimentos, energia, álcool e tabaco, desacelerou de 5,5% para 5,3% no período. A inflação continua bem acima da meta de 2%.

Em evento anual organizado pelo Fed, a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, falou que os juros irão subir o quanto for necessário e permanecerão elevados o tempo que for preciso para trazer a inflação à meta. A próxima decisão de política monetária continua dependente dos dados e ocorre em 14 de setembro. Membros do BCE parecem divididos quanto a necessidade de mais aumentos. Na última decisão em julho, as taxas de juros subiram em 25 pontos-base, conforme esperado, o nono aumento consecutivo. A taxa de depósito foi para 3,75% ao ano – alcançando o pico dos anos 2000. Em nossa visão, os juros devem permanecer elevados por um período prolongado para conter a inflação que segue pressionada.

No Reino Unido, a inflação diminuiu, mas segue alta. Nos 12 meses até julho, a inflação acumula alta de 6,8% e o núcleo, que exclui alimentos, energia, álcool e tabaco, manteve o ritmo do mês anterior de 6,9%, pressionado por preços de serviços, mais sensíveis ao aperto do mercado de trabalho. O desemprego está subindo e alcançou patamar acima da média de 2019 pela primeira vez em mais de 1 ano. No entanto, os ganhos por hora trabalhada seguem elevados e aceleraram no período.  As vagas em aberto diminuíram, mas permanecem em níveis elevados, o que deve continuar pressionando salários à frente.

Em nossa visão, considerando a persistência da inflação e o aumento de salários maior que o esperado, o Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) deve continuar o ciclo de alta de juros. Esperamos alta de 25 pontos-base na decisão de política monetária de setembro (21). O BoE na reunião mais recente, em agosto, subiu a taxa de juros em 25 pontos-base, conforme esperado, levando a taxa para 5,25% ao ano – maior nível em 15 anos, justificando o aumento em razão da inflação persistente e elevada, bem acima da meta de 2%, e do mercado de trabalho aquecido, com sinais incipientes de alívio. Em comunicado, o BoE disse que manterá uma política restritiva por tempo suficientemente longo para que a inflação retorne a meta de 2% no médio prazo.

Japão

A inflação segue alta, por ora. O núcleo (exclui alimentos frescos e energia) acelerou para 4,3% nos 12 meses até julho. A próxima decisão de política monetária do Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês) ocorre no fim de setembro (22). Na decisão mais recente (em julho), a taxa de juros de curto prazo permaneceu inalterada (-0,10%), mas houve maior flexibilização na flutuação dos juros de longo prazo. Importante ressaltar que o presidente do BoJ reforçou na ocasião que ainda não prevê aumento da taxa de juros de curto prazo. A projeção do Banco é que a inflação volte a ficar abaixo de 2% no próximo ano fiscal. O país tem histórico de deflação. A postura do BoJ se distancia de seus pares, que fazem um aperto monetário há mais de 1 ano.

China

As quatro maiores cidades chinesas – Xangai, Pequim, Guangzhou e Shenzhen – anunciaram recentemente uma flexibilização na compra de imóveis, medida bastante aguardada desde a reunião do Politburo em julho, quando a cúpula do partido comunista liderada pelo presidente Xi Jinping, reconheceu desafios ao crescimento econômico em meio a perda de fôlego da atividade e a contração do setor imobiliário. A flexibilização anunciada reduz o pagamento de entrada para compra de imóveis e o custo do financiamento imobiliário tanto para as hipotecas existentes quanto para as de futuros compradores mesmo que já tenham usado financiamento no passado. Logo após o anúncio, as vendas de imóveis saltaram em Xangai e Pequim, cidades com mais de 20 milhões de habitantes. A flexibilização ajuda o setor imobiliário no curto prazo, principalmente nas grandes cidades onde a demanda é maior, mas não deve ser um forte impulso à economia.

Outras medidas para frear a desaceleração também foram anunciadas: os governos locais aumentaram a emissão de títulos especiais voltados principalmente aos investimentos em obras de infraestrutura; o governo central irá reduzir o imposto de renda das famílias para gastos com crianças e idosos, com o objetivo de impulsionar o consumo e adequar o país às mudança demográficas; o Banco do Povo da China (PBoC, na sigla em inglês) cortou a taxa de juros de médio prazo em 15 pontos-base para 2,5%, segunda redução em três meses depois de juros parados desde agosto de 2022. A taxa de juros de curto prazo (LPR 1 ano) também foi reduzida em 10 pontos-base para 3,45%, enquanto a taxa de longo prazo (LPR 5 anos) foi mantida em 4,2%. A menor redução nas taxas LPRs pode estar relacionada a preocupações do PBoC com as margens dos bancos, que estão baixas podendo levar a queda dos empréstimos, com impacto negativo sobre a economia.

Em julho, a atividade continuou perdendo força comparada ao mesmo mês do ano anterior. Houve desaceleração do consumo, com enfraquecimento das vendas no varejo, e crescimento menor da produção industrial. Os investimentos também desaceleraram com contínua contração no setor imobiliário em razão das baixas vendas de imóveis e do alto endividamento das construtoras, que restringe novos empreendimentos. A taxa de desemprego urbano subiu na margem para 5,3% no mês. O órgão responsável pelo dado (Departamento Nacional de Estatísticas) não divulgará mais o desemprego por faixa etária. A omissão da estatística ocorre em meio ao crescente desemprego entre jovens (16-24 anos), que alcançou 21,3% em junho.

O PMI composto, que considera o setor de manufaturas, construção e serviços, indica crescimento moderado em agosto, com contração menor no setor de manufaturas e estabilidade no setor de serviços.

A expectativa é de leve melhora na atividade, depois das medidas anunciadas. Outras medidas devem seguir com a intenção de evitar uma desaceleração maior da economia e de levar o crescimento para patamar mais próximo da meta de “em torno de 5%”. Não esperamos, no entanto, um forte estímulo do governo, que continua com o objetivo de promover crescimento sustentável para reduzir desequilíbrios criados por estímulos passados.

Na maioria dos países do leste asiático, excluindo China, importantes elos na cadeia de suprimento global, o setor de manufaturas tem desacelerado. A Índia continua sendo exceção e segue com o setor aquecido.

Cenário Doméstico

Atividade

O PIB do 2T23 registrou alta de 0,9% frente ao trimestre anterior, impulsionado pelo setor de serviços e pela indústria. A confirmação do crescimento mais forte entre abril e junho nos fez revisar a projeção de crescimento do PIB de 2,5% para 3% em 2023. No entanto, esperamos perda de fôlego da atividade na segunda metade do ano. Projetamos, por ora, leve alta de 0,1% para o PIB do 3T23.

A taxa Selic, em território contracionista, afeta a atividade – os dados indicam sinais de enfraquecimento, ainda que menos intenso do que o esperado. A desaceleração do crescimento global impacta a atividade doméstica. Os altos preços de commodities, que beneficiaram o Brasil no primeiro semestre do ano passado, já mostram reversão.

O efeito da desaceleração global deve se estender ao longo de 2023 e de 2024, ainda que a estimativa de uma safra recorde de soja para 2023 e os estímulos fiscais atuem como contrapontos a esta desaceleração. O impacto da queda dos juros, projetada para continuar a frente, deve ser sentido a partir do ano que vem. Revisamos nossa projeção de PIB de 1% para 1,5% em 2024.

A taxa de desemprego já se encontra em patamar inferior ao seu nível neutro. O crescimento mais forte do que o esperado nos leva a projetar taxa de desemprego praticamente estável até o final de 2024.

Fiscal

Após dois anos consecutivos registrando superávit primário, devemos voltar a ter déficit para o setor público consolidado neste ano. A PEC da Transição, aprovada no Congresso, sinaliza um aumento de gastos em 2023, ainda que a aprovação do novo arcabouço fiscal e as medidas de aumento de arrecadação atenuem a deterioração das contas públicas. Projetamos déficit para o setor público consolidado em 2023 de 1% do PIB e em 2024 de 0,7% do PIB.

A dívida líquida encerrou o ano de 2022 em 57,1% do PIB e deve apresentar alta em 2023, puxada pela perspectiva de juros ainda elevados e pelo aumento de gastos. Nossa expectativa para a dívida líquida de 2023 é de 60,3% do PIB ao final do ano. Para 2024, a projeção da dívida líquida passou de 60,4% para 60,1% do PIB. Essa redução se deu por uma surpresa da divulgação do dado da dívida corrente. A situação fiscal brasileira é desafiadora e requer um forte ajuste para equilibrar as contas públicas. Apesar do novo arcabouço ser um passo importante na direção da sustentabilidade fiscal, acreditamos que, na ausência de um significativo aumento na arrecadação, será necessária uma forte queda dos juros reais para impedir o crescimento da dívida do país.

Setor externo

A taxa de câmbio fechou o ano de 2022 em R$ 5,28. Acreditamos que a elevada dívida líquida do governo e o dólar forte em termos globais sustentam a depreciação do real. Projetamos uma taxa de câmbio para o final deste ano em R$ 5,30. À frente, o real deve continuar depreciando, influenciado pela queda da Selic num contexto de juros altos nos EUA. Projetamos dólar em R$ 6 ao final de 2024.

Com relação às contas externas, apesar da taxa de câmbio depreciada, seguimos com a expectativa de transações correntes em patamar negativo. Isto ocorre porque grande parte dos ganhos com uma moeda depreciada são compensados por uma produtividade mais baixa comparada a outros países. Ajustamos nossa projeção de déficit de US$ 40 bi para US$ 34 bi em 2023 e de US$ 30 bi para US$ 25 bi em 2024, decorrentes de uma balança comercial mais forte.

Inflação

A inflação voltou a subir. O IPCA acumulou alta de 4% em julho, após registrar um vale (de 3,2%) nos 12 meses até junho. O recuo da inflação já ficou para trás, pois foi influenciado, em grande parte, por fatores pontuais, como a forte redução dos preços de bens monitorados, os descontos concedidos aos carros novos e a desaceleração dos preços de alimentos. A média dos núcleos de inflação do Banco Central, que expurga esses fatores, registrou desaceleração, mas segue elevada, em 5,6%. A inflação deve continuar subindo nos próximos meses e encerrar o ano de 2023 em 5,4%.

A inflação de bens industriais mostra sinais claros de desaceleração na medida em que as deflações registradas nos preços de atacado vão sendo repassadas ao consumidor. A inflação de serviços já ultrapassou seu pico, mas segue elevada.

Para 2024, projetamos alta de 5,5% para o IPCA. Importante reiterar que a resiliência do setor de serviços, em um ambiente de mercado de trabalho aquecido, impõe desafios à trajetória da inflação à meta.

Política monetária

O Copom (Comitê de Política Monetária) reduziu em agosto a taxa Selic de 13,75% para 13,25%, iniciando um ciclo de corte de juros. A decisão surpreendeu o consenso de mercado, que esperava um corte mais parcimonioso de 25 pontos-base. Vale mencionar que esta foi uma decisão dividida: quatro membros votaram pela redução de 0,25 ponto percentual e cinco membros (incluindo os novos diretores, Ailton Aquino e Gabriel Galípolo, e o presidente Roberto Campos Neto) votaram pela redução de 0,5 ponto percentual.

A projeção de inflação do BCB no cenário de referência passou de 5% para 4,9% para 2023 e permaneceu em 3,4% para 2024. Uma novidade do último comunicado foi a inclusão da projeção de 3% para o ano de 2025, que passou a ser considerado no horizonte relevante, em grau menor. Este cenário supõe trajetória de juros que diminui de 13,75% para 12% até o final de 2023, para 9,25% ao final de 2024 e para 8,75% ao final de 2025. Ou seja, as projeções de inflação do Banco Central seguem acima da meta para o ano de 2024, horizonte para o qual o Comitê dá maior ênfase nesta reunião.

O Copom afirmou que “em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”. Ou seja, apesar do dissenso nesta última reunião, a comunicação do Comitê foi nítida em indicar, com a concordância de todos os seus membros, quedas de 50 pontos-base ao longo das próximas reuniões.

Tanto o comunicado quanto as comunicações recentes dos diretores do Copom indicam que a “barra é alta” para uma mudança de ritmo da queda de juros. A sinalização é de que os cortes de juros devem ser de 50 pontos-base à frente. Na nossa visão, o risco em relação a este cenário é de que ocorram cortes mais intensos de juros.

Com isso, projetamos cortes de 50 pontos-base para as reuniões restantes do ano. Projetamos Selic em 11,75% ao final de 2023 e em 9,25% ao final de 2024.

Projeções macroeconômicas do C6 Bank

2019
2020
2021
2022
2023P
2024P
Atividade
Crescimento Real do PIB
1,2%
-3,3%
5,0%
2,9%
3,0%
1,5%
PIB Nominal (R$ bi)
7.389
7.610
8.899
9.915
10.725
11.639
Fiscal
Resultado Primário (% PIB)
-0,8%
-9,2%
0,7%
1,3%
-1,0%
-0,7%
Resultado Primário (% PIB)
54,7%
61,4%
55,8%
57,1%
60,3%
60,1%
Dívida Bruta (% PIB)
74,4%
86,9%
78,3%
72,9%
76,0%
79,2%
Setor Externo
R$/US$ (final de período)
4,03
5,20
5,58
5,28
5,30
6,00
Balança Comercial (US$ bi)
27
32
36
44
69
68
Conta Corrente (US$ bi)
-68
-28
-46
-54
-34
-25
Conta Corrente (% PIB)
-3,6%
-1,9%
-2,8%
-2,8%
-1,7%
-1,2%
Inflação
IPCA (Var. a/a)
4,3%
4,5%
10,1%
5,8%
5,4%
5,5%
Juros
Selic (dez)
4,50%
2,00%
9,25%
13,75%
11,75%
9,25%

Equipe Econômica C6 Bank

Felipe Salles                   Head

Claudia Moreno      Head Brasil

Claudia Rodrigues    Head Internacional

Felipe Mecchi               Internacional

Heliezer Jacob             Brasil

Este relatório foi preparado pelo Banco C6 S.A.

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