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Relatório mensal: Fiscal e exportações impulsionam projeção do PIB para 2024

Equipe econômica do C6 Bank, liderada por Felipe Salles, divulga projeções.

Atualizado em

Tempo de leitura · 7 min

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A equipe econômica do C6 Bank, liderada por Felipe Salles, divulgou nesta quinta-feira (14) mais uma edição do seu relatório macroeconômico. Confira, abaixo, a íntegra do documento:

Internacional

A atividade global dá sinais de melhora. A inflação está desacelerando, mas segue persistente no setor de serviços. A postura dos bancos centrais americano e europeu é de cautela, sinalizando que cortes nos juros só acontecerão quando houver confiança na convergência da inflação para a meta.

EUA

A economia segue em expansão. O mercado de trabalho permanece aquecido, com salários crescendo acima da produtividade, mas apresenta uma desaceleração lenta das contratações e da renda. O núcleo da inflação medido pelo CPI acumula alta de 3,8% em fevereiro, com os preços de serviços estabilizando em patamar elevado (5%). Há uma expectativa do mercado quanto ao início de cortes de juros pelo Fed em junho, mas acreditamos que os cortes só virão no segundo semestre.

Europa

A atividade econômica está estagnada. Apesar disso, o desemprego está em 6,4%, mínimo da série histórica iniciada em 1998. A inflação tem desacelerado, mas o núcleo alcançou 3,1% em fevereiro. O Banco Central Europeu manteve os juros estáveis nas últimas quatro reuniões. A presidente do BCE, Christine Lagarde, indicou que na próxima decisão (em abril) seria cedo para um corte, acrescentando que mais informações estarão disponíveis na reunião de junho.

Japão

O Banco do Japão (BoJ), que mantém juros negativos desde 2016 para estimular uma economia com histórico de deflação, se prepara para uma normalização da política monetária. A expectativa do mercado é de um aumento de juros em junho.

China

O governo chinês estabeleceu os objetivos para a economia do país este ano. A meta de crescimento do PIB foi firmada em “cerca de 5%”, mesmo patamar de 2023. As autoridades reforçaram apoio à economia, mas sem detalhes. A China enfrentará desafios para crescer no ritmo esperado. Problemas estruturais (envelhecimento da população, endividamento já elevado dos governos locais e crise no setor imobiliário) devem levar a China a um crescimento menor nos próximos anos.

Brasil

Depois de crescer de forma surpreendente na primeira metade de 2023, a economia brasileira perdeu fôlego e registrou estagnação no último semestre do ano. Ainda assim, no saldo do ano, um bom resultado: o PIB avançou 2,9%. A pausa no crescimento deve ser temporária. Em 2024, o aumento das despesas do governo e das exportações deve voltar a impulsionar o crescimento do PIB. Revisamos nossa projeção para uma alta de 2,4% do PIB neste ano.

A Selic está em 11,25% e deve cair para 9,25% até meados deste ano, segundo nossa projeção. Os juros mais baixos devem ser um ponto fundamental para tentar reforçar o consumo e, principalmente, os investimentos no país. Para 2025, estimamos expansão de 1,5% do PIB.

O crescimento acima do que consideramos ser o potencial do Brasil (cerca de 1,5%) deve contribuir para manter a taxa de desemprego em patamar baixo. Projetamos uma taxa de desemprego abaixo de 8% ao final de 2024 e de 2025. O forte crescimento da renda real corrobora nossa visão de mercado de trabalho aquecido.

Gráfico do PIB crescimento anual em porcentagem de 2019 a 2025.  Sendo o ano de 2020 o único com resultado negativo.

Do lado fiscal, o setor público registrou déficit de 2,3% do PIB em 2023. Acreditamos que os gastos públicos continuarão sendo um impulso para a economia em 2024. Para 2024 e 2025, projetamos déficits fiscais de 0,7% do PIB.

Zerar o déficit (diferença entre receitas e despesas), como prevê o governo, será muito desafiador, mesmo com a melhor arrecadação no início do ano. Apesar de o novo arcabouço ser um passo importante para a sustentabilidade fiscal, acreditamos que, na ausência de um significativo aumento na arrecadação, será necessária uma forte queda dos juros reais para impedir o crescimento da dívida do país.

A dívida líquida do governo encerrou o ano de 2023 em 60,9%. Para 2024 e 2025, a tendência de alta deve prosseguir - projetamos dívida líquida em 62,5% e 64,2% do PIB, respectivamente.

Gráfico de barras de dívida líquida (% PIB) de 2012 a 2025. Os anos 2024 e 2025 estão destacados em cinza e as demais barras estão na cor branca.

Apesar da valorização do câmbio no ano passado, acreditamos que o real voltará a depreciar, influenciado pela alta da dívida líquida do governo e pela redução da Selic num contexto de juros ainda elevados nos EUA. Projetamos câmbio em R$ 5,30 ao final de 2024 e de 2025. No entanto, a perspectiva de bons resultados no saldo da balança comercial  deve manter o câmbio estável para o final do ano que vem.

O saldo em transações correntes tem apresentado tendência de melhora, mas deve continuar negativo neste ano. Revisamos a projeção de conta corrente de déficit de US$ 4 bilhões para US$ 10 bilhões em 2024 em função de um aumento nas importações. Para 2025, acreditamos que a conta corrente deva ficar ligeiramente positiva, revisamos a projeção de superávit de US$ 7 bilhões para US$ 6 bilhões.

Gráfico de barras sobre conta corrente (PIB%) com números desde 2011 a 2025. Com destaque para 2024 e 2025, que estão nas cores cinzas. As demais barras estão na cor branca.

O IPCA acumula uma alta de 4,5% em fevereiro deste ano. A melhora recente na dinâmica inflacionária se deve a fatores pontuais e não muda estruturalmente nossa visão de que a inflação deve se manter acima da meta nos próximos anos. Nossa redução na estimativa do IPCA deste ano, que passou de 5% para 4,7% em 2024, se deve à revisão na projeção dos preços de passagens aéreas para o ano e à perspectiva de uma inflação de alimentos menor, em função da queda dos preços das commodities agrícolas.

Para 2025, projetamos alta de 5% para o IPCA. Na nossa visão, o mercado de trabalho aquecido e o crescimento dos salários devem continuar pressionando a inflação de serviços. Essa dinâmica impõe desafios à trajetória da inflação à meta.

Gráfico de linhas com IPCA acumulado em 12 meses e projeções para 2024 e 2025

Acreditamos que o Comitê de Política Monetária (Copom) deva reduzir a taxa Selic para 10,75% na reunião de março, continuando o ciclo de corte de juros iniciado em agosto. Diante da persistência da inflação de serviços e da proximidade do fim do ciclo de queda de juros, acreditamos que o Comitê será menos incisivo quanto à sinalização das próximas decisões de política monetária. Esperamos cortes de 50 pontos-base para as próximas duas reuniões. Projetamos Selic em 9,25% ao final de 2024 e 8,5% ao final de 2025.

Gráfico em linha da Selic porcentagem ano a ano de janeiro de 2023 a dezembro de 2024 e projeção para 2025.

Projeções macroeconômicas do C6 Bank

 
2019
2020
2021
2022
2023
2024P
2025P
Atividade
 
 
 
Crescimento Real do PIB
1,2%
-3,3%
4,8%
3,0%
2,9%
2,4%
1,5%
PIB Nominal (R$ bi)
7.389
7.610
9.012
10.080
10.856
11.647
12.531
Fiscal
 
 
 
Resultado Primário (% PIB)
-0,8%
-9,2%
0,7%
1,2%
-2,3%
-0,7%
-0,7%
Dívida Líquida (% PIB)
54,7%
61,4%
55,1%
56,1%
60,9%
62,5%
64,2%
Dívida Bruta (% PIB)
74,4%
86,9%
77,3%
71,7%
74,4%
78,8%
80,3%
Setor Externo
 
 
 
R$/US$ (final de período)
4,03
5,20
5,58
5,28
4,86
5,3
5,3
Balança Comercial (US$ bi)
27
32
36
44
81
91
103
Conta Corrente (US$ bi)
-68
-28
-46
-54
-29
-10
6
Conta Corrente (% PIB)
-3,6%
-1,9%
-2,8%
-2,7%
-1,3%
-0,4%
0,2%
Inflação
 
 
 
IPCA (Var. a/a)
4,3%
4,5%
10,1%
5,8%
4,6%
4,7%
5,0%
Juros
 
 
 
Selic (dez)
4,50%
2,00%
9,25%
13,75%
11,75%
9,25%
8,50%

               

P=Projeção
Fontes: IBGE, BCB, Bloomberg, C6 Bank.

Equipe Econômica C6 Bank

Felipe Salles Head
Claudia Moreno Head Brasil
Claudia Rodrigues Head Internacional
Felipe Mecchi Internacional
Heliezer Jacob Brasil

Este relatório foi preparado pelo Banco C6 S.A.
Os números contidos nos gráficos de desempenho referem-se ao passado; o desempenho passado não é garantia de resultados futuros.
Cada analista de Macro Research é o principal responsável pelo conteúdo deste relatório e atesta que:
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Parte da remuneração do analista vem dos lucros do Banco C6 S.A. e / ou de suas afiliadas

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