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Resumo semanal: inflação controlada nos EUA mantém expectativas de corte de juros

Confira as principais notícias da semana (22/7-26/7), segundo a avaliação da equipe econômica do C6 Bank. Leia a íntegra do relatório.

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Internacional

Estados Unidos: inflação em linha com o esperado

A inflação teve um leve aumento no mêsEm junho, o índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) subiu 0,1% em relação ao mês anterior, segundo dados do Departamento do Comércio americano, com queda no preço de bens e aumento em serviços. O núcleo do indicador, que exclui alimentos e energia, teve aumento de 0,2%. Ambos os índices vieram conforme o esperado. Em doze meses, o núcleo do PCE continuou acumulando alta de 2,6%, a mesma do mês anterior, permanecendo acima da meta de 2% do banco central americano (Federal Reserve – Fed). Os preços de serviços têm mantido pressão sobre o índice. Em nossa visão, a inflação tem dado sinais de estar se estabilizando entre 2,5% e 3%. Apesar de acima da meta, acreditamos que o Fed deve cortar juros este ano, em razão do mercado de trabalho menos aquecido, a atividade moderada e o recuo já observado da inflação.

A renda e o consumo das famílias permaneceram elevados em junho, subindo 0,2% e 0,3%, respectivamente, frente a maio, segundo dados do Departamento do Comércio. Enquanto a renda desacelerou no período e veio abaixo do esperado, houve aceleração nos gastos com consumo.

O PIB registrou expansão de 2,8% no 2T24 em relação ao trimestre anterior, anualizado e com ajuste sazonal, de acordo com a primeira estimativa do Departamento do Comércio americano. O crescimento veio acima do esperado e superou a expansão do trimestre anterior. Na composição, o consumo segue forte e houve formação de estoques. O dado reflete uma economia resiliente apesar dos juros elevados do Fed.

A atividade vem registrando um bom desempenho principalmente no setor de serviços. O índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) composto, que inclui o setor de manufaturas e serviços, subiu 0,2 ponto para 55 pontos, melhor do que o esperado. O aumento do índice ocorreu em razão da expansão robusta no setor de serviços (56), enquanto o setor de manufaturas voltou a patamar de encolhimento (49,5).

Os núcleos de pedidos de bens duráveis e de bens de capital vieram acima do esperado em junho depois de queda no mês anterior. O núcleo dos pedidos de bens duráveis, que exclui o setor de transportes, aumentou 0,5%, segundo o relatório do Departamento do Comércio dos Estados Unidos. O núcleo dos pedidos de bens de capital, que exclui aeronaves e equipamentos de defesa, registrou alta de 1%.

O setor imobiliário continuou apresentando dados fracos. As vendas de casas novas contraíram 0,6% em junho, segundo dados divulgados pelo Departamento do Comércio. Em outra pesquisa da mesma instituição, as vendas de casas usadas, que representam mais de 80% do mercado imobiliário, registraram queda expressiva de 5,4% no mesmo mês, a quarta redução consecutiva, colocando as vendas em um dos menores patamares desde 2010. Apesar disso, o estoque de casas disponíveis para venda continua baixo e segue pressionando os preços. De modo geral, os preços e as taxas de hipoteca elevados mantêm as vendas do setor abaixo do nível pré-pandemia.

Em relatório semanal, os pedidos iniciais de seguro-desemprego continuam em níveis baixos para padrões históricos, em 235 mil na semana encerrada em 20 de julho.

Europa: atividade volta a perder força na zona do euro

A guerra entre Rússia e Ucrânia está no terceiro ano e continua sem perspectiva de fim próximo.

O índice de confiança do consumidor segue fraco, mas em trajetória ascendente. O índice calculado pela Comissão Europeia aumentou 1 ponto em julho e veio melhor do que o esperado, mas segue abaixo da média pré-pandemia.

A atividade continuou desacelerando em julho, de acordo com as prévias do PMI. O índice composto, que considera o setor de manufaturas e serviços, diminuiu 0,8 ponto para 50,1 no mês, pior do que o esperado, indicando praticamente estagnação. A redução do índice foi causada por maior encolhimento no setor de manufaturas (45,6) e pela expansão mais moderada em serviços (51,9). A composição dos índices mostra a produção em queda, a demanda sem força, o emprego estável e os preços de venda subindo moderadamente. Na indústria, houve maior queda na produção, enquanto no setor de serviços houve desaceleração. Os preços de insumos tiveram forte aumento, principalmente no setor de serviços. No entanto, a fraca demanda diminuiu o repasse de preços para as vendas. Entre as maiores economias do bloco, o PMI da Alemanha voltou a indicar contração (48,7), com encolhimento maior em manufaturas (42,6) e crescimento mais moderado em serviços (52). O PMI da França apresentou leve aumento (49,5), com contração em manufaturas.

No Reino Unido, o indicador de atividade segue apontando uma expansão robusta. A prévia do PMI registrou 52,7 pontos, 0,4 ponto acima de junho, permanecendo em expansão pelo oitavo mês seguido. Houve aceleração do setor de serviços (52,4) e no setor de manufaturas (51,8). A produção de bens subiu novamente, acompanhada por maior demanda ao setor, enquanto a prestação de serviços teve leve melhora. As vendas aumentaram em ambos os setores. O emprego continuou crescendo, principalmente no setor de serviços, e permaneceu estável na indústria. Os preços de insumos tiveram aumento moderado, apesar do custo crescente de transporte atribuído a crise do Mar Vermelho e subsequente gargalo no frete marítimo global. Os preços das vendas subiram moderadamente, com menor aumento no setor de serviços.

China: PBoC surpreende e corta juros

O Banco do Povo da China (PBoC, na sigla em inglês) reduziu as taxas de juros de curto, médio e longo prazo, em decisões inesperadas. No início da semana, o PBoC reduziu em 10 pontos-base a taxa de recompra reversa de 7 dias, a LPR 1 ano e a LPR 5 anos, e justificou a decisão como um ajuste para apoiar a economia real. Dias depois, a autoridade monetária reduziu em 20 pontos-base a taxa de juros de médio prazo (MLF, na sigla em inglês), em decisão fora da agenda.  Os cortes sinalizam maior suporte à economia depois de dados fracos no 2T24 e no início do 3T, relacionados ao consumo e ao setor imobiliário. Após as decisões, a taxa de recompra reversa passou para 1,7%, a LPR 1 ano para 3,35%, a LPR 5 anos para 3,85% e a MLF para 2,3%. A expectativa de analistas era de que os cortes de juros ocorressem mais à frente, depois do início de afrouxamento monetário pelo banco central americano ou depois da reunião do Politburo no fim deste mês, quando medidas de apoio à economia no curto prazo devem ser anunciadas.

Commodities: petróleo recua

No Oriente Médio, o conflito entre Israel e Hamas completou nove meses. Até o momento, não houve uma escalada do conflito na região, que é a maior exportadora mundial de petróleo. Os ataques de Houthis a embarcações no Mar Vermelho seguem afetando o frete marítimo global. A crise geopolítica pode demorar algum tempo.

O preço futuro do petróleo (Brent) registrou queda de 3% na semana (de 18 a 25/7), encerrando o período em 82 dólares por barril, depois de permanecer acima de 85 dólares por algumas semanas. A redução do preço está associada às preocupações com a desaceleração da China, maior importador global da commodity. Apesar da queda, a expectativa é de que o preço permaneça elevado no período, em razão da maior demanda por combustível associada ao verão no hemisfério norte e da menor oferta dos países membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados, que mantêm cortes na produção.

O preço futuro do gás natural na Europa também recuou na semana, e segue em patamar baixo. Os estoques continuam elevados na região. O preço continua menos de 40% do que era antes do início da guerra entre Rússia e Ucrânia.

Os preços de grãos subiram na semana. O preço do trigo teve leve aumento de 0,5%, com condições favoráveis para o aumento da produção nos Estados Unidos. O preço do milho e da soja aumentaram 4% e 1,6%, respectivamente.

Brasil

Focus: pequenas alterações

As projeções para o IPCA registraram uma leve alta para 2024 (de 4,0% para 4,05%) e ficaram estáveis para 2025 (3,9%). Para 2026, não houve variações (3,6%). O número esperado para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) teve uma pequena elevação para 2024 (de 2,11% para 2,15%) e uma redução amena para 2025 (de 1,97% para 1,93%). A taxa Selic permaneceu estável para 2024 (10,5%), para 2025 (9,5%) e para 2026 (9%). As projeções estão no Boletim Focus, relatório do Banco Central que reúne a expectativa das instituições financeiras em relação aos principais indicadores econômicos do país.

Inflação: IPCA-15 acelera em 12 meses

O IPCA-15 de julho registrou alta de 0,30%, acima da nossa projeção (0,25%) e do consenso de mercado (0,22%). Em 12 meses, o índice está em 4,4%, um número acima do mês anterior (4,1%). As principais surpresas vieram dos grupos de serviços, principalmente do item de passagem aérea, que subiu mais de 19% no mês.  A inflação de serviços subjacentes, categoria que exclui os itens mais voláteis e é a mais olhada pelo Banco Central, segue pressionada pelo mercado de trabalho aquecido. A média dos núcleos da inflação, que é uma medida mais limpa da tendência dos preços, calculada pelo Banco Central, mostra desaceleração e acumula alta de 3,7% em 12 meses. Nesta mesma métrica, serviços estão em 5% e bens industriais em 1,2%, este último contribuindo para puxar a inflação para baixo. Nas nossas projeções, o IPCA acumulado em 12 meses deve encerrar 2024 em 4,7%. Para 2025, nossa previsão é que a inflação fique em 5%.

Setor externo: conta corrente apresenta piora

A conta corrente registrou um déficit de US$ 4 bilhões no mês de junho. Considerando o dado com nosso ajuste sazonal, houve déficit de US$ 6,3 bilhões. O saldo foi positivo na balança comercial, porém negativo em serviços e rendas. No acumulado em 12 meses, o saldo de transações correntes está em -1,4% do PIB (US$ -31,4 bilhões), um déficit maior do que o mês anterior (-1,2% do PIB). Para 2024, projetamos um déficit de US$ 33 bilhões e para 2025 um déficit de US$ 25 bilhões para as transações correntes. Entretanto, vale mencionar que nossas projeções deverão ser revisadas após a mudança metodológica adotada na divulgação deste mês. O Banco Central alterou a classificação de criptoativos, passando a considerar estas transações na conta de capital e não mais nas transações correntes.

Fiscal: projeção de déficit piora para 2024

O Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias do 3º Bimestre confirmou a contenção de R$ 15 bilhões em despesas anunciadas na semana passada. Foram bloqueados R$ 11,2 bilhões e contingenciados R$ 3,8 bilhões. A projeção de déficit primário do Governo Central passou de R$ 27,5 bilhões para R$ 61,4 bilhões. Entretanto, houve incorporação de R$ 28,8 bilhões de despesas não computadas no resultado primário para cumprimento da meta fiscal. Além disso, houve redução da projeção de receita primária em R$ 6,4 bilhões (indo a R$ 2.698,1 bilhões) e da projeção de despesas discricionárias em R$ 8,3 bilhões (indo a R$ R$ 200,4 bilhões).

Equipe Econômica C6 Bank

Felipe Salles                   Head

Claudia Moreno      Head Brasil

Claudia Rodrigues    Head Internacional

Felipe Mecchi               Internacional

Heliezer Jacob            Brasil

Este relatório foi preparado pelo Banco C6 S.A.

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Este relatório foi preparado pelo Banco C6 S.A., uma instituição regulada por autoridades brasileiras.

O Banco C6 S.A. é responsável pela distribuição deste relatório no Brasil.

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