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Resumo semanal: inflação nos EUA desacelera e corte de juros se aproxima

Confira as principais notícias da semana (12/8 – 16/8), segundo a avaliação da equipe econômica do C6 Bank. Leia a íntegra do relatório

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Internacional

Estados Unidos: inflação desacelera e reforça expectativa de corte de juros em setembro

A inflação ao consumidor teve aumento moderado, em linha com a expectativa. O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) subiu 0,2% em julho frente ao mês anterior, de acordo com o Departamento do Trabalho. O núcleo do índice, que exclui alimentos e energia, registrou aumento similar. Apesar da leve alta, a inflação apresenta boa composição, com queda contínua dos preços de bens e desaceleração dos preços de serviços. Em 12 meses, o núcleo do CPI desacelerou para 3,2%, seguindo uma tendência de queda. A inflação ao produtor (PPI, na sigla em inglês) também teve leve aumento, 0,1%, no mês. Nos últimos 12 meses, o núcleo do PPI, que exclui alimentos e energia, desacelerou para 2,4%, com o núcleo de serviços em tendência de queda. O crescimento mais baixo do PPI pode continuar contribuindo para menor pressão sobre a inflação ao consumidor.   

Mensagens recentes de membros do comitê de política monetária do banco central americano (Federal Reserve, Fed) mostram maior preocupação com o mercado de trabalho. Em nossa visão, apesar da inflação estar acima da meta, a desaceleração do índice em curso e os dados mais moderados do mercado de trabalho, devem levar o Fed a iniciar o ciclo de corte de juros na reunião de setembro (18/9).

O índice de otimismo das pequenas empresas, medido pela Federação Nacional de Empresas Independentes (NFIB, na sigla em inglês), subiu 2,2 pontos para 93,7 em julho, mas permanece abaixo da média pré-pandemia. Segundo a pesquisa, a inflação continua sendo o principal problema das pequenas empresas.

A atividade da indústria recuou em julho. A produção industrial diminuiu 0,6% no mês contra o mês anterior, abaixo do esperado, segundo dados do Fed. A produção de julho foi impactada por redução da produção de manufaturas (-0,3%). Em outra pesquisa, divulgada pelo Departamento de Comércio americano, as vendas no varejo cresceram no mesmo período, acima do esperado, com expansão também do núcleo do índice, chamado grupo de controle.

Em relatório semanal, os pedidos iniciais de seguro-desemprego diminuíram e continuaram em níveis baixos para padrões históricos, em 227 mil na semana encerrada em 10 de agosto.

O setor imobiliário continuou apresentando dados fracos. O núcleo do indicador de permissão para construir teve leve recuo em julho frente a junho (-0,1%), a sexta contração consecutiva do índice, segundo dados divulgados pelo Departamento do Comércio. Este indicador costuma antecipar o início de construções, cujo núcleo (single family) também continuou contraindo no mês. Em outra pesquisa, o índice de confiança das construtoras (NAHB Housing Market Index) teve leve redução em agosto, a quarta seguida, permanecendo abaixo da média pré-pandemia. O ambiente de juros altos tem sido um desafio para as construtoras por tornar os empréstimos mais caros, dificultando a atividade do setor e diminuindo as perspectivas de vendas.

Europa: inflação de serviços desacelera no Reino Unido

A guerra entre Rússia e Ucrânia está no terceiro ano e continua sem perspectiva de fim próximo. A Ucrânia iniciou uma incursão militar no oeste russo, região próxima à fronteira entre os países. Até o momento, a Rússia, que concentra tropas no leste e no sul da Ucrânia, tem tido dificuldades de recuperar o território.

A produção industrial teve leve contração. Segundo o Eurostat, o índice registrou queda de 0,1% em junho frente ao mês anterior com ajuste sazonal, depois de contrair 0,6% em maio. Excluindo a Irlanda – país que costuma introduzir volatilidade ao índice, em razão de direitos de propriedade intelectual e instalações fora do país – a produção industrial cresceu 0,6%. Houve aumento na produção da Alemanha (1,4%) e da França (0,8%) depois de queda em ambos os países no mês anterior.

No Reino Unido, a economia manteve crescimento robusto no 2T24. O PIB cresceu 0,6% em relação ao trimestre anterior, de acordo com a primeira estimativa do Escritório Nacional de Estatísticas (ONS, na sigla em inglês). Apesar da expansão ter vindo em linha com o esperado, a composição decepcionou, com aumento dos gastos do governo e com a desaceleração do consumo e dos investimentos. Em junho, a produção da indústria expandiu frente ao mês anterior, a construção civil teve crescimento moderado e o setor de serviços apresentou leve retração. O volume de vendas no varejo cresceu moderadamente em julho em linha com o esperado depois de queda em junho segundo dados divulgados pelo ONS. No geral, as vendas seguem fracas.

O CPI desacelerou no Reino Unido, mas segue elevado. O índice cheio teve leve queda de 0,2% em julho em relação ao mês anterior. O núcleo, que exclui alimentos, energia, álcool e tabaco, aumentou 0,1%, segundo o ONS.  Na composição, os preços de bens recuaram e os de serviços desaceleraram. Em 12 meses, o núcleo do indicador cedeu mais que o esperado, 3,3%, com preços de serviços acumulando alta de 5,2%.

O mercado de trabalho britânico segue resiliente. De acordo com o ONS, nos três meses até junho, a taxa de desemprego voltou a diminuir para 4,2%, depois de aumentos seguidos, em meio a leve redução da taxa de participação. As contratações subiram levemente em julho, segundo a pesquisa PAYE. O número de vagas abertas, no entanto, continuou diminuindo. Nos três meses até junho, houve desaceleração no ganho médio semanal (excluindo bônus), de 5,8% para 5,4% comparado ao mesmo período do ano anterior, em linha com esperado.

Em nossa visão, a desaceleração da inflação deve levar o Banco da Inglaterra a continuar sua política monetária de alívio gradual (próxima decisão de política monetária em 19/9).

China: atividade segue frágil

Em julho, a produção industrial e os investimentos desaceleraram, enquanto o consumo doméstico teve recuperação moderada, depois de decepcionar em junho. Segundo dados divulgados pelo NBS, a produção industrial cresceu 5,1% em julho comparado a julho de 2023, abaixo do esperado, com aumento significativo na produção de computadores e eletrônicos e crescimento moderado na produção de automóveis. A produção de setores relacionados a construção (cimento e aço) segue fraca. As vendas no varejo aumentaram 2,7% no mesmo período. Os investimentos cresceram 3,6% de janeiro a julho em relação ao mesmo período de 2023, abaixo do esperado, com moderação nos investimentos em manufaturas e menor crescimento em infraestrutura. Os investimentos no setor imobiliário continuam contraindo. A taxa de desemprego urbano subiu de 5% para 5,2% em julho.

O setor imobiliário permanece fraco. As vendas de casas novas continuam em queda. O início de novas construções também segue encolhendo.  A finalização de construções já iniciadas, depois de ter crescido no ano passado, desacelerou recentemente. O preço de casas novas nas 70 maiores cidades chinesas diminuiu 0,65% em julho contra o mês anterior, décima quarta queda consecutiva. O preço de casas no mercado secundário também continua em queda. As medidas anunciadas pelo governo em maio para apoiar o setor, que encorajam compras de imóveis e levam a redução dos estoques de construtoras, ainda não tiveram impacto relevante.

O crédito agregado cresceu menos que o esperado. O fluxo aumentou 771 bilhões em julho em relação ao mês anterior, segundo o Banco do Povo da China (PBOC, na sigla em inglês). A expectativa era de aumento de 1 trilhão. A expansão ocorreu principalmente em razão da emissão de títulos públicos, enquanto empréstimos às famílias encolheram em meio à fraqueza na venda de imóveis e no consumo.

A expectativa é que mais medidas sejam anunciadas pelo governo e que medidas já anunciadas sejam implementadas de forma efetiva para apoiar o crescimento da economia. Na reunião de líderes do partido comunista, que ocorreu em julho, foi reforçado o compromisso com a meta de crescimento do país de algo em torno de 5% para 2024.

Commodities: petróleo em torno de 80 dólares

No Oriente Médio, o conflito entre Israel e Hamas completou dez meses. As negociações entre mediadores internacionais e a delegação de Israel, para um cessar-fogo, na região estão em andamento. Os ataques de Houthis às embarcações no Mar Vermelho seguem afetando o frete marítimo global. A crise geopolítica na região pode demorar algum tempo.

O preço futuro do petróleo (Brent) teve leve aumento na semana (de 8/8 a 15/8), terminando o período próximo de 80 dólares por barril. O mercado segue atento a tensões no Oriente Médio.

O preço futuro do gás natural na Europa ficou praticamente estável depois de aumento na semana anterior. O preço do gás continua menos da metade do que era antes do início da guerra entre Rússia e Ucrânia.

Os preços de grãos diminuíram na semana. O preço do trigo reduziu 2%, o preço do milho 1% e o da soja 6%. A queda no preço da soja está relacionada a condições favoráveis de lavoura nos Estados Unidos.

Brasil

Focus: inflação mais alta neste ano

As projeções para o IPCA registraram alta para 2024, de 4,12% para 4,2%, e praticamente não tiveram alterações para 2025, de 3,98% para 3,97%. Para 2026, não houve variações, permanecendo em 3,6%. O número esperado para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) ficou estável para 2024, 2,20%, e para 2025, 1,92%. A taxa Selic segue em 10,5% para 2024, em 9,75% para 2025 e em 9% para 2026. As projeções estão no Boletim Focus, relatório do Banco Central que reúne a expectativa das instituições financeiras em relação aos principais indicadores econômicos do país.

Atividade: PIB deve ser forte no 2º trimestre

A Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) de junho apontou que o volume de serviços registrou alta de 1,7% na comparação mensal, acima do esperado pelo mercado (0,8%) mas abaixo da nossa projeção (2,1%). Os destaques negativos foram os serviços prestados às famílias, que têm um peso importante no cálculo do PIB e os serviços de transportes. Por outro lado, os serviços de informação e comunicação surpreenderam positivamente.

A Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) de junho apontou crescimento de 0,4% frente ao mês anterior no volume de vendas do comércio varejista ampliado, pior do que o esperado por nós (2,4%) e pelo mercado (1,3%). Em relação ao nosso número, a surpresa negativa foi concentrada nas séries de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebida e fumo e de atacado especializado em produtos alimentícios, bebidas e fumo. No varejo restrito, as vendas registraram contração de 1% na comparação mensal e subiram 4% na anual. Para 2024, projetamos que o varejo ampliado deva subir em torno de 4%.

Com a divulgação destes dados de junho, nossa projeção é que o PIB fique um pouco acima de 1% no segundo trimestre. Para o segundo semestre, esperamos uma desaceleração da atividade. Mesmo assim, prevemos uma alta do PIB de 2,5% para 2024.

Inflação: IGP-10 em aceleração

A inflação medida pelo IGP-10 apontou alta de 0,72% em agosto, levemente acima da mediana das projeções do mercado (0,70%). A composição dos índices de atacado mostrou o IPA agrícola com alta de 1%. O núcleo do IPA industrial – que inclui apenas os itens relacionados à inflação de bens industriais do IPCA, excluindo alimentos, combustíveis e minério de ferro – também subiu 1%. Em 12 meses, o índice está em 4,3%, acima do registrado no mês anterior (3,4%). O IPA agrícola acumula alta de 4,1% e o núcleo do IPA industrial expansão de 2,5%.        

Equipe Econômica C6 Bank

Felipe Salles                   Head

Claudia Moreno      Head Brasil

Claudia Rodrigues    Head Internacional

Felipe Mecchi               Internacional

Heliezer Jacob            Brasil

Este relatório foi preparado pelo Banco C6 S.A.

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