Leia a íntegra da análise da equipe econômica do C6 Bank.
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A inflação veio em linha com o esperado. Em outubro, o índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) subiu 0,2% em relação ao mês anterior, segundo dados do Departamento do Comércio americano. Houve queda no preço de bens e aceleração no preço de serviços. O núcleo do indicador, que exclui alimentos e energia, teve aumento de 0,3%. Em doze meses, o núcleo do PCE acumula alta de 2,8%, pouco acima do mês anterior, permanecendo firme, acima da meta de 2% do banco central americano (Federal Reserve – Fed).
Nossa expectativa é que o Fed corte a taxa de juros novamente em dezembro, em razão da inflação estar controlada e do mercado de trabalho continuar esfriando lentamente. Para 2025, no entanto, é possível que o ritmo de cortes desacelere, com incertezas associadas às medidas a serem implementadas pelo próximo governo americano e seus impactos na economia.
O setor imobiliário permanece frágil. As vendas de casas novas contraíram 17,3% em outubro frente ao mês anterior, segundo dados divulgados pelo Departamento do Comércio. Os preços de casas subiram em setembro frente a agosto, de acordo com dados divulgados pela Agência Federal de Financiamento da Habitação (FHFA, na sigla em inglês). Em doze meses, os preços de casas acumulam alta de 4,4%. De modo geral, os preços e as taxas de hipoteca seguem elevados, mantendo as vendas abaixo do nível pré-pandemia.
A confiança do consumidor continuou melhorando em novembro, mas segue abaixo do nível pré-pandemia, segundo o índice do Conference Board. A dificuldade de conseguir emprego, dado divulgado na pesquisa, diminuiu no mês, sugerindo que o desemprego deve permanecer baixo à frente.
A renda e o consumo das famílias aumentaram em outubro frente a setembro, segundo dados do Departamento do Comércio. O aumento da renda é resultado do crescimento maior de salários no período. O aumento do consumo ocorreu principalmente com maior demanda por serviços. Ambos os indicadores seguem sólidos.
Em relatório semanal, os pedidos iniciais de seguro-desemprego continuaram em níveis baixos para padrões históricos, em 213 mil na semana encerrada em 23 de novembro.
Os pedidos de bens duráveis e de capital ficaram praticamente estáveis em outubro. O núcleo dos pedidos de bens duráveis, que exclui o setor de transportes, subiu 0,1% frente ao mês anterior, segundo o relatório do Departamento do Comércio dos Estados Unidos. O núcleo dos pedidos de bens de capital, que exclui aeronaves e equipamentos de defesa, contraiu 0,2% no período.
A ata da reunião de novembro do Fed mostrou que membros do comitê de política monetária continuam confiantes com a trajetória de desaceleração da inflação em direção à meta e veem sinais de esfriamento gradual no mercado de trabalho. Na ocasião, o Fed optou por reduzir os juros em 25 pontos-base (pb), o segundo corte consecutivo, levando o intervalo para 4,5% e 4,75% ao ano, ainda elevado. O documento indicou também que membros acreditam que os cortes devem ser graduais, à medida que os juros se aproximam do nível neutro. Alguns membros notaram que uma pausa nos cortes é possível, caso a inflação permaneça elevada, enquanto outros citaram uma possível aceleração dos cortes se o mercado de trabalho esfriar rapidamente ou a atividade tropeçar.
A guerra entre Rússia e Ucrânia está no terceiro ano e continua sem perspectiva de fim próximo.
A inflação veio em linha com o esperado e com composição benigna. O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) recuou 0,3% em novembro em relação ao mês anterior, segundo a prévia do Eurostat. No acumulado em doze meses, o índice cheio subiu 2,3%, enquanto o núcleo manteve crescimento similar ao mês de outubro, 2,7%. Apesar de elevado e acima da meta do Banco Central Europeu (BCE), o núcleo da inflação tem desacelerado e apresentado melhor composição em relação ao primeiro semestre, com crescimento menor no preço de bens e serviços. Em nossa visão, o BCE deve dar continuidade aos cortes de juros, com mais um corte na reunião de dezembro (12/12), em razão do baixo desempenho da atividade econômica e do controle da inflação.
O índice de sentimento econômico teve leve aumento em novembro em relação ao mês anterior, segundo a Comissão Europeia, depois de revisão do dado divulgado anteriormente. Apesar do aumento, o índice permanece abaixo da média pré-pandemia. Detalhes da composição mostram melhora na confiança da indústria, que segue baixa, mas piora na confiança de serviços e do consumidor.
Na França, turbulências políticas associadas ao orçamento fiscal de 2025 aumentaram o risco dos títulos públicos. O plano orçamentário, apresentado pelo primeiro-ministro Michel Barnier, que prevê cortes de gastos e aumento de impostos para reduzir o déficit público, enfrenta forte oposição de parlamentares, que podem destituí-lo. Alterações no plano de Barnier estão sendo consideradas pelo governo. No fim de 2024, o déficit público francês, como a proporção do PIB, deve ultrapassar 6%, o dobro da regra estabelecida pela União Europeia.
O lucro da indústria diminuiu 4,3% de janeiro a outubro, comparado ao mesmo período do ano anterior, de acordo com o Escritório Nacional de Estatísticas chinês (NBS, na sigla em inglês). Apesar do aumento da demanda em outubro, tanto doméstica quanto externa, o baixo poder de precificação da indústria (índice de preços ao produtor segue em deflação) e os elevados custo de produção, continuam pesando no resultado. Setores relacionados à mineração continuam reportando prejuízo, enquanto setores de manufaturas de alta tecnologia, impulsionados por políticas de apoio à inovação e sólida demanda externa, mantêm lucro sólido.
O Banco do Povo da China (PBoC, na sigla em inglês) manteve a taxa de juros de médio prazo (MLP, na sigla em inglês) em 2%, conforme esperado.
O conflito entre Israel e Hamas está no segundo ano. Um acordo de cessar-fogo por 60 dias foi assinado entre Israel e o Hezbollah, diminuindo tensões na região e abrindo a porta para iniciativa semelhante na Faixa de Gaza. A crise geopolítica na região deve demorar algum tempo.
O preço futuro do petróleo (Brent) diminuiu 1% de 21/11 a 28/11, fechando o período em 73 dólares por barril. Desde o início de novembro, o preço da commodity tem oscilado entre 70 e 75 dólares, depois de um primeiro semestre forte quando o preço chegou a superar os 90 dólares por alguns dias. A expectativa é que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (OPEP+) postergue novamente os planos de aumentar a produção da commodity para o segundo trimestre de 2025. A decisão deve ocorrer na próxima semana (5/12). A demanda moderada, principalmente da China, e a oferta ampla de países fora da OPEP+ continua pesando sobre o preço do barril.
Os preços futuros de trigo e milho recuaram na semana, depois de aumento na semana anterior. O preço do trigo diminuiu 2% e o do milho 2,5%. O preço da soja subiu 1%. No ano, os preços dessas commodities vêm apresentando tendência de queda.
As projeções para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador de inflação oficial do país, ficaram praticamente estáveis para 2024 (de 4,64% para 4,63%), porém subiram para 2025 (de 4,12% para 4,34%) e para 2026 (de 3,7% para 3,78%). O número esperado para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) subiu para 2024 (de 3,1% para 3,17%) e não teve mudanças relevantes para 2025 (de 1,94% para 1,95%). A taxa Selic segue em 11,75% para 2024, subiu de 12% para 12,25% para 2025 e se manteve em 10% para 2026. Vale mencionar que a taxa Selic subiu também para 2027, de 9,25% para 9,5%. As projeções estão no Boletim Focus, relatório do Banco Central que reúne a expectativa das instituições financeiras em relação aos principais indicadores econômicos do país.
O IPCA-15 de novembro registrou alta de 0,62%, acima da nossa projeção e do consenso de mercado (0,49%). Em doze meses, o índice está em 4,8%, um número superior ao mês anterior (4,5%). O principal fator de pressão para o resultado do mês veio da alimentação no domicílio (1,65%). Dentro dessa categoria, o destaque vai para o aumento nos preços do óleo de soja (8,4%) e das carnes (7,5%). Esses itens têm sido impactados por fatores sazonais potencializados pela seca que afeta o plantio de diversas safras e prejudica a alimentação do gado. No grupo de transportes, a principal surpresa foi a alta de 22,6% no preço das passagens aéreas que, sozinha, teve um impacto de 0,14 pontos percentuais no IPCA-15 mensal. A média dos núcleos da inflação, que é uma medida mais limpa da tendência dos preços, calculada pelo Banco Central, está em 4% em doze meses, acima dos 3,8% registrados em outubro. Nesta mesma métrica, serviços estão em 4,5% e bens industriais em 2%. Nas nossas projeções, o IPCA acumulado em doze meses deve encerrar 2024 em 4,7%. Para 2025, nossa previsão é que a inflação fique em 5%.
A inflação medida pelo IGP-M apontou alta de 1,3% em novembro, acima da mediana das projeções do mercado (1,15%). A composição dos índices de atacado mostrou o IPA agrícola com alta de 4%. O núcleo do IPA industrial – que inclui apenas os itens relacionados à inflação de bens industriais do IPCA, excluindo alimentos, combustíveis e minério de ferro – subiu 0,4%. Em doze meses, o índice do IGP-M está em 6,3%, o maior valor desde outubro de 2022. O IPA agrícola acumula uma alta de 17,5% e o núcleo do IPA industrial mostra expansão de 4,7%.
A taxa de desemprego da PNAD Contínua no trimestre terminado em outubro veio em 6,3%. O indicador com nosso ajuste sazonal está em 6,4%, abaixo do trimestre encerrado em setembro (6,5%). A composição do dado mostrou crescimento em doze meses de 3,4% da ocupação, assim como da renda real habitual, que subiu 3,9%. A taxa de desemprego está em nível significativamente abaixo do neutro, o que reforça o cenário de inflação pressionada, especialmente a de serviços. Nossa expectativa é que a taxa de desemprego (ajustada sazonalmente) encerre 2024 próxima de 6%.
A conta corrente registrou um déficit de US$ 5,9 bilhões no mês de outubro. Considerando o dado com o nosso ajuste sazonal, houve déficit de US$ 6,2 bilhões. O saldo foi positivo na balança comercial, porém negativo em serviços e rendas. No acumulado em 12 meses, o saldo de transações correntes está em -2,2% do PIB (US$ -49,2 bilhões), um déficit maior do que o mês anterior (-1,9% do PIB). Para 2024, projetamos um déficit de US$ 52 bilhões e para 2025 um déficit de US$ 29 bilhões para as transações correntes.
O setor público consolidado apresentou um superávit primário de R$ 36,9 bilhões em outubro, pior do que o superávit projetado pelo mercado de R$40,1 bi. No acumulado em doze meses, o resultado consolidado está negativo em R$ 223,5 bilhões, o equivalente a 1,9% do PIB. A dívida líquida passou de 62,4% para 62,1% e a dívida bruta de 78,2% para 78,6%. Projetamos, por ora, déficit do setor público consolidado de 0,8% do PIB para 2024 e de 0,9% para 2025.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou nesta semana as medidas contidas no pacote de gastos, com impacto de cerca de R$ 70 bilhões até 2026, de acordo com estimativas oficiais. Entretanto, analistas de mercado calculam um impacto menor – os números têm circulado entre R$40 e R$55 bilhões aproximadamente. Propostas englobam a criação de uma idade mínima para aposentadoria de militares, correção do salário-mínimo dentro da nova regra fiscal, limitação do crescimento das emendas parlamentares à regra geral do arcabouço, limitação do abono salarial para quem ganha até R$ 2.640, correções para os “supersalários” e a proibição da criação e prorrogação de benefícios tributários em caso de déficit primário. A novidade que acabou ofuscando a divulgação do pacote de corte de gastos, foi o anúncio da isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, com a compensação através de uma tributação maior de quem ganha acima de R$ 50 mil por mês. Mas a medida deve tramitar apenas no ano que vem para valer em 2026.
O corte de despesas anunciado apresenta algum avanço para que o arcabouço fiscal seja viável nos próximos anos. Lembrando que as medidas ainda precisam ser aprovadas no Congresso. No entanto, são medidas que não impedem o aumento do endividamento do governo, que já é bastante elevado. O ajuste necessário para estabilizar a dívida líquida no médio prazo é muito maior do que o pacote prevê. Diante disso, a percepção de risco em relação às contas do governo segue ruim, o que pode manter o câmbio pressionado.
Felipe Salles Head
Claudia Moreno Head Brasil
Claudia Rodrigues Head Internacional
Felipe Mecchi Internacional
Heliezer Jacob Brasil
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