Leia a íntegra da análise da equipe econômica do C6 Bank
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Leia a íntegra da análise da equipe econômica do C6 Bank, comandada pelo economista-chefe Felipe Salles, sobre a ata do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central divulgada nesta terça-feira (10).
O Banco Central divulgou nesta terça (10) a ata das reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) dos dias 3 e 4 de maio, apresentando mais detalhes sobre os rumos da política monetária.
As projeções de inflação do BCB no cenário de referência, no qual considera agora preços de petróleo do mercado futuro, vigentes na semana anterior à reunião do Copom, até 2022, situam-se em 7,3% para este ano e em 3,4% para o próximo ano (ligeiramente acima da meta de 3,25%). Ambos os cenários supõem trajetória de juros projetada pelo boletim Focus, que se eleva até 13,25% em 2022 e recua para 9,25% ao final de 2023.
O texto afirma que as pressões inflacionárias globais se intensificaram tanto por uma demanda alta por bens quanto por pressões de oferta, ligadas à guerra da Ucrânia e à política chinesa de combate à Covid-19. Mas reiterou que esses fatores têm potencial para afetar especialmente economias que estão mais defasadas no processo de normalização de suas políticas fiscais e monetárias.
Ainda sobre o cenário internacional, o Comitê avaliou “que há possibilidade de reversão, ainda que parcial, do aumento nos preços das commodities internacionais em moeda local”. Ou seja, ainda que o cenário para preços de commodities esteja incerto, ele considera que o risco maior é de reversão dos preços.
Passando para a discussão sobre decisão de política monetária, o Copom ressaltou que “o ciclo de aperto monetário corrente foi bastante intenso e tempestivo e que, devido às defasagens de política monetária, ainda não se observa grande parte do efeito contracionista esperado”, sinalizando que gostaria de parar para observar os efeitos das políticas já adotadas. De fato, na nossa visão, a manutenção da taxa Selic em patamares significativamente contracionistas por um período prolongado seria mais efetiva para trazer a inflação à meta do que elevações adicionais de juros.
Ainda assim, o Comitê notou que ocorreu deterioração marginal na dinâmica inflacionária de curto prazo e prospectiva. “O Comitê optou, então, por sinalizar, como provável, uma extensão do ciclo, com um ajuste de menor magnitude”, sinalizando uma alta, na nossa visão, de 50 pontos-base na reunião de junho como a decisão mais provável. Tal estratégia “reflete o aperto monetário já empreendido, reforça a postura de cautela da política monetária e ressalta a incerteza do cenário.” Esses trechos indicam que a manutenção da Selic no patamar atual na próxima reunião também é possível.
Por fim, o comitê retirou do texto a frase que reforçava estar pronto para fazer novos ajustes se necessário, indicando que pretende finalizar o ciclo de juros na próxima reunião.
Vale ressaltar que a partir da reunião de agosto, o BCB deve estender seu horizonte relevante de política monetária e passar a olhar também para o ano de 2024. Como, nos modelos do BCB, as projeções para este ano (apresentadas no Relatório de Inflação de março - 2,4% no cenário de referência e 2,3% no cenário alternativo) se encontram abaixo da meta de 3%, entendemos que não haveria espaço para fazer elevações de juros a partir do segundo semestre.
Em resumo, acreditamos que a comunicação é condizente com um cenário de uma alta adicional de 50 pontos-base na reunião de junho, elevando a taxa Selic ao nível de 13,25%, finalizando o ciclo de ajuste monetário.
Equipe Econômica C6 Bank
Felipe Salles Head
Claudia Moreno Head Brasil
Claudia Rodrigues Head Internacional
Felipe Mecchi Internacional
Heliezer Jacob Brasil
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