Confira as principais notícias da semana, segundo a avaliação da equipe econômica do C6 Bank
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Confira as principais notícias da semana (26/6-30/6), segundo a avaliação da equipe econômica do C6 Bank. Leia a íntegra do relatório.
A inflação desacelerou, mas continua alta. O índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) subiu 0,1% em maio em relação ao mês anterior, segundo dados do Departamento do Comércio americano. O núcleo do indicador, que exclui alimentos e energia, subiu 0,3%. No acumulado em doze meses, o PCE e o núcleo acumulam alta de 3,8% e 4,6%, respectivamente, bem acima da meta de 2% do banco central americano (Federal Reserve – Fed). A composição do índice mostra que o preço de bens já não é um problema, mas preço de serviços continua pressionando o indicador. Em nossa visão, a inflação deve continuar cedendo, em razão dos juros elevados na economia, mas de forma lenta.
A renda e o consumo das famílias seguem altos. Houve aumento da renda de 0,4% em maio frente ao mês anterior. O consumo aumentou 0,1% no mês, com maiores gastos com serviços (0,4%) e redução no consumo de bens (-0,5%), segundo dados do Departamento do Comércio.
O setor imobiliário superou o pior momento e segue uma recuperação moderada. Os preços de casas subiram 0,7% no mês de abril em relação ao mês anterior, segundo dados da Agência Federal de Financiamento da Habitação (FHFA, na sigla em inglês). Em 12 meses, o indicador acumula alta de 3,1%. Os preços têm voltado a subir desde o final do ano passado, acompanhando o ritmo de recuperação nas vendas e construções imobiliárias. As vendas de moradias novas subiram 12,2% em maio, segundo o Departamento de Comércio, maior aumento em mais de um ano. Apesar das taxas de hipoteca permanecerem elevadas, a atividade do setor vem dando sinais de melhora moderada nos últimos meses. As vendas pendentes de casas, no entanto, diminuíram no período, segundo a Associação Nacional de Corretores de Imóveis (NAR, na sigla em inglês), sinalizando possível desaceleração na venda de casas usadas.
Em relatório semanal, os pedidos iniciais de seguro-desemprego diminuíram e continuam em níveis baixos para padrões históricos, em 239 mil, com ajuste sazonal, na semana encerrada em 24 de junho, voltando ao patamar de março. Apesar de baixa, a média de pedidos para o mês de junho está acima do patamar observado desde o início de 2022 e pode indicar um início de desaquecimento no mercado de trabalho, que permanece robusto.
Os pedidos de bens duráveis e de bens de capital seguem fortes e bem acima do nível pré-pandemia. Os pedidos de bens duráveis subiram no mês de maio em relação ao mês anterior (1,7%), segundo relatório do Departamento do Comércio dos Estados Unidos. Os pedidos de bens de capital (excluindo aeronaves e equipamentos de defesa) também aumentaram no mês (0,7%). Ambos indicam que investimentos seguem sólidos.
Em Fórum anual do Banco Central Europeu, o presidente do banco central americano (Federal Reserve – Fed), Jerome Powell, reforçou que a maioria do comitê de política monetária do Fed prevê pelo menos mais duas altas de 25 pontos-base nos juros até o fim do ano. Powell acrescentou que o núcleo da inflação não deve voltar à meta de 2% até 2025, sugerindo que os juros devem permanecer elevados por longo tempo. O presidente do Fed também não acredita que uma recessão seja o cenário mais provável como resultado do aperto monetário. Mantemos nossa visão que o Fed não deve cortar juros até meados de 2024, por acreditarmos que a inflação deve demorar a ceder. Também acreditamos que a economia americana crescerá abaixo do potencial em 2023, mas não deve haver recessão.
O PIB do 1T23 foi revisado para cima, de acordo com a terceira estimativa do Departamento do Comércio americano. O crescimento foi significativamente maior que a segunda estimativa (1,3%), alcançando 2% no 1T23 em relação ao trimestre anterior, anualizado e com ajuste sazonal. A revisão foi puxada por um aumento das exportações líquidas (devido a maiores exportações e redução das importações) e do consumo de serviços.
A guerra entre Rússia e Ucrânia está no segundo ano. A tensão aumentou na região no fim da semana passada, depois que o líder do grupo mercenário Wagner, Yevgeny Prigozhin, antes aliado de Putin, se voltou contra manobras militares russas executadas na Ucrânia. Um movimento liderado por Prigozhin chegou a tomar uma cidade ao sul da Rússia e se dirigiu a Moscou, mas foi interrompido antes de alcançar a capital com um acordo entre Prigozhin e o presidente Putin, intermediado por Belarus. O movimento teve curta duração, mas sugere rachaduras entre russos e confronto à liderança de Putin. O impacto político ainda é nebuloso.
A confiança na economia continuou diminuindo. O índice de sentimento econômico, calculado pela Comissão Europeia, caiu 1,1 ponto na prévia de junho para 95,3. A queda na confiança ocorreu no setor de manufaturas e serviços, enquanto a confiança do consumidor segue abaixo do nível pré-pandemia, mas em recuperação.
O mercado de trabalho continua aquecido. A taxa de desemprego continuou no mínimo histórico, em 6,5% em maio, e deve manter pressão sobre salários. O índice divulgado pelo Eurostat mostra heterogeneidade entre as economias do bloco. O desemprego permanece baixo na Alemanha (2,9%), mas alto na Espanha (12,7%).
A inflação ao consumidor segue alta. O índice (CPI, na sigla em inglês) diminuiu de 6,1% para 5,5% nos últimos doze meses até junho, segundo a prévia do Eurostat, com queda no preço de energia e desaceleração no preço de alimentos. Entre as maiores economias do bloco, a inflação acelerou na Alemanha (6,8%), mas desacelerou na França (5,3%), Itália (6,7%) e Espanha (1,6%). No entanto, o núcleo da inflação, que exclui alimentos, energia, álcool e tabaco, voltou a acelerar para 5,4% no período, permanecendo bem acima da meta.
Em Fórum anual do Banco Central Europeu (BCE), a presidente do BCE, Christine Lagarde, reforçou que os juros ainda devem subir em julho em razão da persistência inflacionária. Segundo Lagarde, o BCE ainda tem um caminho a percorrer e uma pausa no aumento de juros não está sendo considerada no momento.
A atividade desacelerou novamente em junho, segundo os índices de gerentes de compras (PMIs, na sigla em inglês), calculados pelo Escritório Nacional de Estatísticas chinês (NBS, na sigla em inglês). Depois de um primeiro trimestre forte devido à reabertura pós-pandemia, o PMI composto, que considera o setor de manufaturas, construção e serviços, diminuiu para 52,3 pontos, levemente menor que no mês anterior, sinalizando crescimento mais moderado. A diminuição do índice composto foi causada por uma redução no índice de construção e serviços, que seguem sinalizando expansão. O índice de manufaturas melhorou na margem, mas continua indicando contração da atividade pelo terceiro mês consecutivo.
Os preços das commodities energéticas seguem baixos e ficaram praticamente estáveis na semana, não reagindo às turbulências políticas na Rússia. Entre os dias 22 e 29 de junho, o preço futuro do petróleo (Brent) girou em torno de 75 dólares por barril. Em nossa visão, a atividade fraca, em razão de juros elevados, e a manutenção de um dólar em patamar forte, que tende a reduzir o preço em dólar de produtos cotados na moeda americana, devem evitar pressões adicionais no preço do petróleo. O preço futuro do gás natural na Europa subiu 3%, depois de algumas semanas de alta volatilidade, em razão de temperaturas mais altas na Europa e interrupções prolongadas no fornecimento da Noruega. Apesar do aumento em junho, o preço do gás natural continua bem abaixo (menos da metade) da média de janeiro de 2022 (pré-guerra).
O preço de grãos diminuiu na semana com chuvas aliviando a situação de seca nos Estados Unidos. O país é o maior produtor mundial de milho e segundo maior de soja. Ambos os grãos são usados para alimentar aves e suínos e, portanto, uma redução nos preços ajuda a diminuir a pressão sobre toda a cadeia alimentar. A Rússia tem demonstrado desinteresse na renovação do acordo de exportação de grãos com a Ucrânia – grande produtor mundial de trigo, que permite o abastecimento de navios em portos ucranianos do Mar Negro. O acordo precisa ser renovado em meados de julho. Segundo a Rússia, as exportações de grãos ucranianos não estão cumprindo o objetivo previsto no acordo de ofertar alimentos aos países mais necessitados.
As projeções para o IPCA caíram para 2023 (de 5,12% para 5,06%), para 2024 (de 4% para 3,98%) e para 2026 (de 3,8% para 3,72%), porém ficaram estáveis para 2025 (3,8%). Os números esperados para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) praticamente não tiveram alterações para 2023 (de 2,14% para 2,18%) e nem para 2024 (de 1,2% para 1,22%). A taxa Selic permaneceu em 12,25% para 2023, em 9,5% para 2024, em 9% para 2025 e em 8,75% para 2026. As projeções estão no Boletim Focus, relatório do Banco Central que reúne a expectativa das instituições financeiras em relação aos principais indicadores econômicos do país.
A taxa de desemprego da PNAD Contínua no trimestre terminado em maio veio em linha com a nossa projeção e do esperado pelo mercado, atingindo 8,3%. Na série com nosso ajuste sazonal, o indicador está em 8% contra 8,1% no trimestre encerrado em abril. A composição do dado mostrou leve aumento da PEA (população economicamente ativa) e da ocupação. O crescimento da PEA indica uma leve melhora na dinâmica do mercado de trabalho na medida em que aumentou o número de pessoas que buscam emprego. A renda real habitual do trabalhador acumulou alta de 6,5% em relação ao trimestre encerrado em maio de 2022. O crescimento da economia até agora foi suficiente para levar a taxa de desemprego para níveis próximos do neutro ou um pouco abaixo dele, o que reforça o cenário de queda lenta da inflação. Para 2023, a taxa deve encerrar o ano em 8%. Nossa expectativa é que a taxa de desemprego (ajustada sazonalmente) suba de forma moderada até 2024.
O IPCA-15 de junho registrou elevação de 0,04%, próximo da nossa projeção (0,07%) e do consenso de mercado (0,02%). O índice acumula alta de 3,4% na variação em 12 meses, número inferior à alta de 4,1% registrada no mês anterior. A média dos núcleos da inflação calculada pelo Banco Central, uma medida mais limpa da tendência dos preços, veio em linha com o esperado e mostra desaceleração, mas segue em patamar elevado. O índice está em 6,2% em 12 meses. A inflação de serviços, na mesma métrica, está em 6,1% e a de bens industriais em 4,4%. A inflação de serviços sofre com os efeitos do mercado de trabalho apertado e, por isso, deve demorar mais a ceder. Nas nossas projeções, o IPCA acumulado em 12 meses deve atingir seu patamar mais baixo no meio do ano, mas deve encerrar 2023 em 5,8%. Para 2024, nossa previsão é que a inflação fique em 5,5%.
A inflação medida pelo IGP-M caiu 1,93% em junho, abaixo da mediana das projeções do mercado. Em 12 meses, o índice está em -6,9%, o menor nível da série histórica. A composição dos índices de atacado mostrou o IPA agrícola com queda de 4,4% frente à contração de mesma magnitude no mês anterior. O núcleo do IPA industrial – que inclui apenas os itens relacionados à inflação de bens industriais do IPCA, excluindo alimentos, combustíveis e minério de ferro – registrou queda de 0,59%. Em 12 meses, o IPA agrícola está em -14,6% e o núcleo do IPA industrial em -2,3%.
A conta corrente registrou superávit de US$ 0,6 bilhão no mês de maio. Considerando o dado com nosso ajuste sazonal, houve déficit de US$ 2,1 bilhões. O saldo foi positivo na balança comercial, porém negativo em serviços e rendas. Em 12 meses, o saldo de transações correntes acumula déficit de 2,5% do PIB. O Investimento Estrangeiro Direto (IED) veio em US$ 5,3 bilhões. Para 2023 e 2024, projetamos déficit de US$ 47 bi e US$ 43 bi para as transações correntes, respectivamente.
O Setor Público Consolidado apresentou um déficit de R$ 50,2 bi em maio. Os governos regionais contribuíram para o resultado negativo de R$ 6,8 bi. No acumulado em 12 meses, o resultado consolidado está positivo em R$ 39 bi (0,4% do PIB). A dívida líquida encerrou o mês em 57,8% e a dívida bruta em 73,6%. Projetamos déficit do setor público consolidado de 1% do PIB para 2023, devido ao aumento de gastos e queda na arrecadação em função da desaceleração da atividade.
O Banco Central divulgou nesta terça-feira (27) a ata das reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) dos dias 20 e 21 de junho, apresentando mais detalhes sobre os rumos da política monetária. Em linhas gerais, acreditamos que a comunicação do Copom é compatível com uma queda de 0,25% na taxa Selic já na reunião de agosto, caso as expectativas de inflação se aproximem um pouco mais das metas.
O Comitê afirmou que “decisões que induzam à reancoragem das expectativas e que elevem a confiança nas metas de inflação contribuiriam para um processo desinflacionário mais célere e menos custoso, permitindo flexibilização monetária”.
A ata destacou a divergência entre os membros do Comitê em relação à sinalização dos próximos passos da condução da política monetária. A “avaliação predominante foi de que a continuação do processo desinflacionário em curso, com consequente impacto sobre as expectativas, pode permitir acumular a confiança necessária para iniciar um processo parcimonioso de inflexão na próxima reunião”.
Vale destacar que o Comitê retirou da ata o trecho em que mencionava que “os dados inflacionários mais recentes corroboram a visão de um processo de desinflação mais lento, em linha com a visão de uma inflação movida por excessos de demanda, em particular no segmento de serviços”. É importante mencionar também que, de acordo com o Copom, “a apresentação e a tramitação do arcabouço fiscal reduziram substancialmente a incerteza em torno do risco fiscal”.
Quanto às projeções do Banco Central, o Comitê aumentou suas estimativas para a taxa de juros real neutra de 4% a.a. para 4,5% a.a.. Dentre os motivos, foram citados uma possível elevação das taxas de juros neutras nas principais economias e a resiliência na atividade brasileira concomitante a um processo desinflacionário lento. Esta mudança tem pouco impacto na sinalização de juros no curto prazo, mas pode significar uma taxa Selic ligeiramente mais elevada ao final do ciclo de corte de juros.
Nosso cenário incorpora uma redução da taxa básica de juros a partir da reunião de setembro, chegando a 12,5% ao final de 2023, mas reconhecemos que após a comunicação do Banco Central, as chances de uma flexibilização monetária a partir de agosto são elevadas. Para 2024, a previsão, por ora, é que a Selic recue para 11%, com viés de baixa.
O Conselho Monetário Nacional (CMN) definiu ontem (29) a meta de inflação de 2026 em 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual. Além disso, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, comunicaram em coletiva após a reunião que o governo decidiu alterar o regime de metas com base no ano-calendário por um regime de meta contínua a partir de 2025. Aguardamos a publicação do decreto para termos mais detalhes do funcionamento do novo regime.
Equipe Econômica C6 Bank
Felipe Salles Head
Claudia Moreno Head Brasil
Claudia Rodrigues Head Internacional
Felipe Mecchi Internacional
Heliezer Jacob Brasil
Este relatório foi preparado pelo Banco C6 S.A.
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