O que é startup e como funciona esse modelo de negócio

Entenda as etapas, os mercados promissores e as fases desse tipo de companhia.

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Você provavelmente já ouviu falar em startup. Empresas ligadas à inovação, com forte presença tecnológica e potencial de grande crescimento. Esse tipo de negócio costuma apresentar um modelo escalável, voltado para a criação de soluções que podem ser ofertadas em larga escala com baixo custo.  

No Brasil, já são mais de 18 mil startups ativas, segundo o Startups Report Brasil 2024. A cidade líder do ranking é São Paulo, com 1.911 empresas desse gênero listadas. 

Neste conteúdo, você vai entender o que significa o conceito de startup, quais são suas fases, como tirar uma ideia do papel e quais caminhos seguir para captar investimento ou acelerar o crescimento do negócio. 

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O que é startup? 

A startup é um tipo de empresa, geralmente de base tecnológica, que desenvolve soluções inovadoras com alto potencial de crescimento e impacto no mercado. O conceito de startup envolve três pilares: inovação, escalabilidade e repetibilidade. 

  • Inovação: o negócio propõe uma nova abordagem para resolver um problema ou melhorar processos existentes; 
  • Escalabilidade: é capaz de crescer rapidamente sem que os custos aumentem na mesma proporção; 
  • Repetibilidade: entrega o mesmo produto ou serviço a diferentes clientes, com a mesma eficiência. 

Além disso, startups operam em um cenário de alta incerteza, com o teste constante de hipóteses de produto, mercado e receita até encontrar o chamado “product-market fit”, que representa um ponto de equilíbrio. 

O termo surgiu entre 1996 e 2001, quando a internet impulsionou o surgimento de novos modelos digitais. Desde então, o conceito evoluiu e abrange empresas de vários setores, e não apenas da área de tecnologia. 

Segundo dados do Startups Report Brasil 2024, hoje, no Brasil, startups atuam em segmentos como:  

  • Tecnologia da Informação (13,74%); 
  • Saúde e Bem-estar (11,16%); e  
  • Educação (8,81%).  

E embora muitas ainda estejam em estágio inicial (early stage), a expectativa é de crescimento constante nos próximos anos. 

Startup x empresa tradicional: o que muda na prática? 

Startups e empresas tradicionais podem coexistir, mas operam com lógicas diferentes. O quadro abaixo resume os principais contrastes entre esses dois modelos: 

Característica 
Startup 
Empresa Tradicional 
Modelo de negócio 
Ainda em validação (busca product-market fit) 
Consolidado, baseado em histórico e previsibilidade 
Crescimento 
Rápido, com base em escalabilidade digital 
Gradual, conforme estrutura física, equipe ou capital 
Risco e incerteza 
Alto: depende da resposta do mercado 
Menor: opera com mais previsibilidade e estrutura 
Foco inicial 
Resolução de uma “dor” com inovação 
Expansão ou manutenção da participação de mercado 
Tecnologia 
Central para o modelo de negócio 
Pode ser suporte, mas não é essencial 
Fontes de capital 
Investidores-anjo, venture capital, aceleradoras 
Receita própria, sócios, bancos, fundos tradicionais 
Objetivo no curto prazo 
Validação e tração 
Estabilidade, lucratividade e crescimento controlado 

Estágios de uma startup: da ideia ao crescimento 

A trajetória de uma startup passa por etapas bem definidas, cada uma com desafios e objetivos específicos. Entender essas fases é fundamental para empreendedores e para quem deseja investir nesse tipo de negócio.  

  1. Ideação (ou pré-seed) 

É o ponto de partida. Essa etapa exige uma avaliação de pesquisas de mercado para identificar oportunidades. Com base nas lacunas que existem, é possível propor uma solução viável para resolver algum problema atual. Ao ter esse recorte, define-se o segmento e o público-alvo. Depois, o objetivo é pensar em produtos e/ou serviços que gerem valor. 

  1. Validação (seed) 

Aqui nasce o Minimum Viable Product (MVP), ou produto mínimo viável. Trata-se de uma versão básica da solução, com funcionalidades essenciais, criada para ser testada por um grupo pequeno de usuários. A ideia é validar a proposta e entender se ela resolve a dor do público. Muitos negócios não avançam além dessa etapa, e isso também faz parte do processo.  

  1. Operação (early stage) 

Com o MVP validado, a startup começa a operar de fato. Nessa etapa, é fundamental trabalhar boas estratégias para divulgação da solução. Assim, é possível conquistar clientes e investidores, que ajudam a financiar o crescimento inicial.  

Por se tratar de uma fase inicial, também é o período para realizar possíveis ajustes de rota, com base no feedback do mercado.  

  1. Tração (grow stage) 

A tração marca o momento em que o negócio ganha ritmo de crescimento. O modelo de receita foi validado, há uma base crescente de clientes e o foco se volta para escalar o produto. É aqui que começam as primeiras rodadas maiores de investimento.  

  1. Scale-up (expansion stage) 

O negócio está consolidado e pronto para escalar. A startup já tem uma operação funcional, time estruturado e projeção de crescimento rápido, tanto em receita quanto em usuários ou clientes.  

O que considerar ao tirar uma startup do papel? 

Criar uma startup envolve testar hipóteses, refinar ideias e estruturar um modelo de negócio sustentável. Depois de validar seu MVP, alguns pontos ganham destaque: 

  • Formalização: avalie o momento ideal para abrir um CNPJ e organizar as obrigações fiscais; 
  • Controle financeiro: use uma conta PJ para separar despesas pessoais e profissionais, acompanhar o fluxo de caixa e organizar os recebíveis; 
  • Modelo de receita: defina como o seu negócio irá gerar dinheiro. As alternativas são assinatura, comissão, recorrência, licenciamento, entre outras; 
  • Indicadores-chave (KPIs): desde o início, acompanhe métricas como custo para conquistar clientes (CAC), quanto cada cliente gera de receita ao longo do tempo, LTV e tração. Elas serão importantes para atrair investidores e avaliar se o negócio está indo bem; 
  • Mentalidade de teste: continue aprimorando o produto a partir do feedback do mercado e esteja preparado para mudar o rumo da startup, se necessário. 

Ideias de startups: onde buscar inspiração? 

  • Grandes startups não surgem, necessariamente, de ideias mirabolantes, mas da observação atenta de problemas reais. Muitas soluções inovadoras nascem do dia a dia: algo que poderia ser mais fácil, mais rápido ou mais acessível. A chave é pensar em como resolver esses “incômodos” de forma criativa, eficiente e escalável. 

Se está em busca de inspiração, conheça alguns setores promissores que podem ser pontos de partida: 

  • Sustentabilidade: o cuidado com o meio ambiente é uma necessidade latente. Sem dúvidas, existem muitas soluções necessárias e urgentes; 
  • Saúde e bem-estar: startups com foco em saúde mental e envelhecimento ativo estão em alta. São duas questões importantes no contexto atual; 
  • Educação: negócios com foco em aprendizagem personalizada podem ser promissores. Além disso, o setor educacional apresenta certa atemporalidade, quando se considera que a busca por conhecimentos novos costuma ser constante;   
  • Agro e foodtechs: o mercado está aberto para empresas com foco em tecnologia para agricultura e desenvolvimento de novos alimentos; 
  • Experiência do consumidor: a personalização das experiências está em alta. Se for combinado a soluções que reduzem os custos de operação, então, são excelentes caminhos para avaliar. 

Nesse sentido, também há tecnologias emergentes, capazes de criar produtos e soluções totalmente inovadoras e com foco na otimização das operações. Entenda as que estão em evidência: 

  • Inteligência Artificial (IA); 
  • Internet das Coisas (IoT); 
  • Machine Learning; 
  • Realidade Aumentada (RA) e Realidade Virtual (RV); 
  • 5G e conectividade. 

Em todo caso, analise tais novidades para entender como elas podem ser aplicadas na resolução de problemas ou lacunas. Tenha ideias a partir de questões reais. Busque entender o seu público. Converse com as pessoas para identificar o que falta e como você consegue contribuir com alguma ideia inovadora. 

O que é uma startup unicórnio? 

Startups unicórnio são empresas de capital fechado que alcançam uma avaliação de mercado (valuation) superior a US$ 1 bilhão. O nome surgiu por representar algo raro no cenário global, assim como essa criatura mítica. 

Para ser enquadrada nessa categoria, uma empresa precisa: 

  • Ter uma avaliação acima de US$ 1 bilhão; 
  • Se destacar por soluções inovadoras e disruptivas. 

Embora seja uma conquista desejada por muitas startups, é importante lembrar que esse é apenas uma das possíveis maneiras de validar o sucesso e não uma obrigação.  

O que são aceleradoras e como funcionam? 

Aceleradoras são empresas com foco no impulsionamento de startups que já têm um MVP. Elas oferecem programas de curta duração (entre 3 e 6 meses), nos quais a startup pode ter acesso a mentorias, investidores, redes de parceiros e até mesmo capital inicial. 

No caso de startups iniciantes, trata-se de um apoio essencial. Ao ter contato com profissionais experientes de mercado e investidores, por exemplo, conseguem evoluir rapidamente. Ou seja, há um aumento da visibilidade junto ao mercado e à sociedade de modo geral. 

Nesse ecossistema, há também as incubadoras. Elas oferecem suporte para empresas em fase muito inicial. Esse acompanhamento, que consiste na disponibilização de um espaço físico, orientações, mentorias e estrutura técnica, entre outros aspectos, costuma ser mais prolongado. 

Investimento em startups: como funciona? 

É comum haver diversas rodadas de investimentos para startups. Assim, as empresas conseguem viabilizar os seus negócios. Essas rodadas acontecem de acordo com o estágio de maturidade, conforme mostramos a seguir: 

  • Investimento-anjo: geralmente, são pessoas interessadas em investir capital próprio. São realizadas logo no início da vida das startups; 
  • Seed (semente): rodadas voltadas a quem já tem um MVP e deseja viabilizar a solução; 
  • Serie A: voltada a promover a escalabilidade do produto ou da solução. Também busca expandir a base de clientes; 
  • Series B, C, D: são as rodadas que vêm na sequência e, consequentemente, os volumes dos investimentos tendem a ser maiores. 

O que um investidor analisa antes de investir? 

Seja pessoa física ou fundo de investimento, o investidor avalia a startup sob critérios específicos. Os mais comuns incluem: 

  • Problema resolvido: a dor que a startup se propõe a solucionar é real e relevante? 
  • Mercado: existe espaço e potencial para crescimento? O público-alvo está definido? 
  • Modelo de negócio: há geração de receita? A solução é escalável? 
  • Tração: já existem clientes ou indicadores que comprovem a aceitação da proposta? 
  • Time: a equipe fundadora tem capacidade técnica e visão de negócio? 
  • Timing: o mercado está pronto para essa solução agora? 

Essas perguntas ajudam o investidor a entender se vale a pena aportar recursos e se a startup está preparada para crescer 

Glossário de termos de startup: 17 conceitos que você precisa conhecer 

Para garantir um mergulho ainda mais profundo nesse universo, preparamos esse mapa com os principais conceitos utilizados. 

Geral 

  • Startup: empresa inovadora, com um modelo de negócio repetível e escalável; 
  • Scale-up: negócios com modelos validados e em fase de crescimento; 
  • Unicórnio: startups com capital fechado e valuation acima de US$ 1 bilhão; 
  • MVP: protótipo de um produto ou serviço, elaborado para os primeiros testes junto ao mercado. 

Modelos de financiamento 

  • Bootstrapping: quando o crescimento acontece apenas com recursos próprios, ou seja, sem investimentos externos; 
  • Investidor-anjo: pessoa física que investe em startups em estágio inicial; 
  • Venture Capital (VC): fundos voltados ao investimento em startups com potencial de crescimento; 
  • Seed capital: investimento semente, feito em fase inicial; 
  • Series A, B, C e mais: rodadas de investimento que ocorrem conforme a startup amadurece e cresce.; 

Programas de suporte 

  • Incubadora: apoio estrutural e com foco no desenvolvimento de produtos; 
  • Aceleradora: programas que ajudam as startups a ganharem tração e a escalar; 
  • Coworking: espaço de trabalho que pode ser compartilhado. Bastante usado por startups. 

Outros termos 

  • Valuation: valor de mercado; 
  • Pivotar (Pivot): mudança de estratégia; 
  • Growth hacking: técnicas inovadoras, com foco na criatividade e na economia, para impulsionar o crescimento;  
  • Pitch: apresentação envolvente, curta e criativa, para apresentar o negócio e atrair investidores. 

Vale a pena criar uma startup? 

Depende. Se você tem uma ideia criativa e inovadora, que responde a alguma dor do mercado, siga em frente! O desafio será muito grande, mas as possibilidades de crescimento também.  

Como comentamos, há programas de aceleração e rodadas de investimento com foco justamente em identificar esses negócios e impulsioná-los.  

Portanto, tenha tudo organizado, sobretudo as finanças. Comece abrindo uma conta PJ para separar os seus ganhos e ter um controle maior das suas despesas e dos investimentos feitos. 

Empreendedores podem aproveitar todas as vantagens da conta C6 Empresas 

Acesso a crédito (sujeito a análise) e a uma plataforma completa de investimentos.  

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