Entenda como a oscilação da taxa básica de juros impacta operações financeiras de empréstimos e financiamentos
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A taxa Selic é presença frequente nos noticiários. Isso se dá pela sua importância no âmbito nacional e, mais recentemente, pelo ciclo de alta que passou.
Conhecida e acompanhada por investidores, essa é uma taxa usada como referência na economia do país. Ou seja, ela não somente afeta quem está com dinheiro investido, mas também quem precisa recorrer a crédito, como no caso de empréstimos ou financiamentos.
Portanto, entender o que levou a taxa Selic 2025 a chegar a 15% e como isso afeta o dia a dia é muito importante.
Neste artigo, vamos abordar a definição da taxa, sua evolução ao longo do ano e os fatores que resultaram em tais decisões de aumento consecutivo.
Quando o assunto é economia, é comum encontrar a taxa Selic associada a termos como juros e inflação. Mas ela é muito mais abrangente do que pode parecer: está presente no cotidiano dos brasileiros e funciona até mesmo como um indicador da situação econômica do país. Entenda agora o porquê.
O conceito é simples: a Selic é a taxa básica de juros da economia do Brasil. Portanto, ela serve como referencial para inúmeras operações financeiras, o que inclui empréstimos e aplicações.
Seu nome é, na verdade, uma sigla que faz referência ao Sistema Especial de Liquidação e de Custódia. Esse, por sua vez, é uma infraestrutura do mercado financeiro administrada pelo Banco Central, na qual são depositados e transacionados títulos públicos federais. Ou seja, a taxa Selic é atrelada diretamente aos juros desses títulos do Tesouro Nacional.
Como comentamos, a Selic atual está em 15% ao ano. Mas já houve outros momentos de quedas ou aumentos significativos ao longo da sua história, que refletem a saúde econômica do Brasil. Se quiser, acesse nosso podcast para entender mais sobre essa elevação distinta que acontece em 2025.
A definição dessa taxa não é feita a esmo. Ela é, de acordo com o próprio Banco Central do Brasil (BC), “o principal instrumento de política monetária” usado para o controle da inflação.
Assim, quem define se ela aumenta, diminui ou mesmo se mantém é o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC. Para isso, são feitas reuniões a cada 45 dias, nas quais é estabelecida a tarifa para o próximo período. Nesses encontros, são considerados diversos fatores internos e externos, mas principalmente:
A Selic é usada como referência para outras taxas de juros aplicadas na economia brasileira. Portanto, quando o BC altera esse referencial, o impacto é sentido em diversas atividades financeiras.
Como exemplo, quando ela está mais alta, há a elevação dos juros cobrados em parcelamentos, empréstimos e até nos cartões de crédito. Por sua vez, isso diminui o consumo por parte dos brasileiros e, assim, favorece a queda da inflação.
Em contrapartida, enquanto a alta desestimula compras, uma taxa mais baixa tem o efeito inverso. Afinal, torna-se mais barato financiar um carro ou uma casa, já que os juros aplicados são menores. Dessa forma, o consumo é estimulado e o crescimento da economia é incentivado.
A taxa Selic 2025 passou por uma série de altas e, agora, chega a um patamar de estabilidade, a fim de combater a inflação e preservar a economia. Nesse sentido, entender os principais motivadores desse ciclo de alta ajuda a compreender também o que nos espera nos próximos meses e até em 2026.
Para resumir esse panorama global e local, preparamos um quadro comparativo e um histórico da taxa Selic 2025 que recapitula os destaques das reuniões do Copom e suas decisões.
Data da reunião | Período de vigência da nova taxa | Meta Selic (% a.a.) | Motivadores da decisão do Copom |
---|---|---|---|
29/01/25 | 30/01 a 19/03 | 13,25% | Cenário externo incerto Inflação acima da meta + altas na expectativa Economia aquecida Desvalorização do real Aumento da dívida pública |
19/03/25 | 20/03 a 07/05 | 14,25% | Cenário externo instável Inflação acima da meta Piora nas projeções de inflação Economia ainda aquecida Tendência de real mais fraco Aumento da dívida pública |
07/05/25 | 08/05 a 19/06 | 14,75% | Cenário externo instável Tendência de desaceleração de crescimento de economias mundiais Desaceleração da economia nacional Inflação acima da meta Necessidade de política monetária contracionista para conter riscos |
18/06/25 | 20/06 a 30/07 | 15% | Cenário externo instável com tensões comerciais e geopolíticas Inflação elevada Mercado de trabalho aquecido Projeções de inflação acima da meta Reforço da política monetária contracionista |
30/07/25 | A partir de 31/07 | 15% | Cenário externo instável com tensões comerciais e geopolíticas Inflação elevada Mercado de trabalho aquecido Projeções de inflação acima da meta Manutenção da política monetária contracionista por longo prazo |
O cenário internacional é marcado por incertezas. As políticas do novo governo dos Estados Unidos geram dúvidas não apenas internamente, mas também em outras economias, enquanto o dólar mantém sua trajetória de valorização.
Países como o Japão já adotam uma postura cautelosa, monitorando os desdobramentos das medidas americanas. Na Europa, a atividade econômica enfraquecida e a desaceleração da inflação levam o Banco Central Europeu (BCE) a seguir com cortes nas taxas de juros. Já a China permanece focada em estimular o crescimento, que ficou em 5% em 2024.
Diante desse panorama global, marcado por prudência e atenção ao controle inflacionário, o Brasil também enfrenta desafios. Apesar do crescimento econômico e do mercado de trabalho aquecido, impulsionados por estímulos governamentais, há preocupações com o aumento da dívida pública, a desvalorização do real e a inflação persistente.
As projeções seguem acima da meta:
Para o C6 Bank, a perspectiva de inflação é de 5,7% ao final de 2025 e 2026. E, segundo a análise do nosso time de especialistas publicada em fevereiro, há alguns elementos-chave que levaram ao aumento dessa projeção de IPCA:
Perante tal contexto, o Copom elevou a Selic em 1 ponto percentual, fixando-a em 13,25%. A decisão tem como propósito conter o aumento dos preços e evitar instabilidade.
O cenário internacional continua instável, com destaque para a incerteza em torno da política comercial dos Estados Unidos e seus impactos sobre o comércio global.
Na Europa, o BCE segue com cortes de juros em razão da fraqueza da atividade econômica e da tendência de queda da inflação, mas sinaliza cautela à frente. O Japão, por sua vez, mantém política monetária acomodativa, com aumento na taxa de juros. E a China busca sustentar o seu crescimento, que está abaixo do desejado, ao mesmo tempo em que anuncia retaliação à política comercial americana.
Esse panorama externo continua a contribuir para a manutenção de uma postura conservadora no Brasil.
Internamente, a economia brasileira ainda apresenta ritmo positivo, com o mercado de trabalho aquecido, mas há indícios de desaceleração. Tal movimentação é apresentada na análise macroeconômica do time C6 Bank:
No entanto, mantém-se também a tendência de um real mais fraco e de elevação da inflação. As projeções refletem esse risco:
Assim, o Copom elevou a Selic em mais 1 p.p., de forma a fixá-la em 14,25% ao ano. A decisão visa conter a inflação, reduzir a volatilidade econômica e preservar o nível de emprego.
As tensões comerciais provocadas pelos Estados Unidos trazem impactos globais. O aumento expressivo das tarifas de importação ameaça o crescimento econômico da Europa e da China. Mas, além disso, também pode gerar efeitos adversos na própria economia americana, como destacado na análise macroeconômica do time C6 Bank:
Na Europa, o BCE mantém cortes de juros diante da inflação em queda e da fraca atividade econômica. Por sua vez, a China enfrenta dificuldades para sustentar o ritmo de crescimento, principalmente frente à guerra comercial com os EUA.
Já no Brasil, há uma desaceleração moderada da economia que pode ser intensificada pelos efeitos indiretos das tarifas americanas. O mercado de trabalho segue aquecido e as expectativas para a inflação pioram, apesar do alívio momentâneo na alta dos preços motivado pelo enfraquecimento do dólar.
Assim, as projeções para o IPCA seguem acima da meta:
Diante desse quadro, o Copom optou por elevar a Selic em 0,5 p.p., de forma a fixá-la em 14,75% ao ano. Essa decisão reforça a postura contracionista da política monetária, com o objetivo de conter a alta dos preços e preservar a estabilidade econômica. Para a próxima reunião, há expectativa de novo aumento, ainda que de menor magnitude.
O ambiente internacional continua instável, com destaque para o aumento das tensões geopolíticas e os efeitos prolongados das políticas comercial e fiscal dos Estados Unidos.
A postura protecionista americana impacta continuamente o comércio global, ao mesmo tempo em que aumenta o risco de alta da inflação no país e de enfraquecimento do dólar. Além disso, há sinais de desaceleração na economia chinesa e dificuldades persistentes na Europa, que mantém juros baixos diante da atividade fraca.
No panorama brasileiro, há poucas mudanças relevantes e o cenário segue desafiador para a inflação, como explica nosso time de especialistas:
Assim, é esperada uma desaceleração da economia nos próximos meses, enquanto a inflação permanece elevada. As projeções de IPCA também seguem acima da meta:
Diante disso, o Comitê optou por elevar a taxa básica de juros em 0,25 p.p. de maneira a fixá-la em 15%, o maior nível em quase duas décadas. Essa decisão está alinhada à estratégia para levar a inflação de volta à meta e suavizar oscilações na atividade econômica.
Conforme os meses anteriores, o cenário internacional continua desafiador. As tensões comerciais e geopolíticas persistem, com destaque para os efeitos das políticas dos EUA sobre o comércio global e a inflação doméstica.
A desaceleração na economia chinesa e a fragilidade da atividade na Europa reforçam o ambiente de incerteza, enquanto os bancos centrais das principais economias mantêm posturas cautelosas.
Inclusive, as taxas aplicadas pelo governo americano agora podem passar a afetar diretamente o Brasil, como evidencia nosso time de especialistas:
No Brasil, bem como a atividade econômica, a inflação também mostra sinais de desaceleração, mas ainda se mantém acima da meta. Além disso, o mercado de trabalho continua aquecido e as expectativas de inflação elevadas, apesar do dólar mais fraco.
Diante desse contexto, o Copom optou por manter a Selic em 15% ao ano e reforçou a necessidade de uma política monetária restritiva por mais tempo. Caso seja preciso, o Comitê reforçou que retomará o ciclo de ajuste no futuro, mas para os analistas do C6 Bank esse não é o cenário mais provável.
Como indicado nas últimas reuniões do Copom, o ciclo de alta da Selic se consolidou em 15% para que se possa observar os efeitos defasados dos juros elevados. A expectativa é de que esse patamar se mantenha por um período prolongado – cenário já antecipado pelos especialistas do C6 Bank, como indicado na análise macroeconômica de janeiro:
As estimativas de inflação também seguem acima da meta para os próximos anos:
Os especialistas do C6 Bank, por sua vez, trabalham com previsões de 5% para 2025 e 5,7% para 2026, o que sugere um cenário de pressão inflacionária persistente.
Como é possível notar, para definir a taxa Selic neste ano, o Copom enfrentou um cenário externo e interno de incertezas, bem como pressões inflacionárias resistentes. Com isso, suas decisões foram centradas em trazer a inflação de volta à meta e alinhar as expectativas do mercado.
Entre os principais fatores que influenciaram essa variação da taxa Selic em 2025 destacam-se:
Ao considerar todos os fatores que influenciam a definição da taxa Selic, não é de se surpreender que ela também impacte desde as atividades financeiras mais corriqueiras até grandes investimentos.
Por isso, é interessante entender o que essa variação significa para sua vida financeira, o que inclui seus investimentos atuais e futuros. Afinal, esse conhecimento pode ajudar não só a tomar decisões no presente, mas no planejamento da sua carteira.
Há vários investimentos em renda fixa que estão atrelados à taxa Selic, como:
Disponíveis no C6 Bank, essas alternativas são geralmente populares entre investidores iniciantes por oferecerem retorno financeiro sem muita exposição à volatilidade.
Ao passo que os investimentos em renda fixa são mais interessantes em momentos de alta da Selic, o cenário é diferente no caso de empréstimos e financiamentos. Isso acontece porque quando a taxa básica de juros sobe, as demais taxas de juros a acompanham, como as usadas por instituições bancárias na hora de emprestar capital.
Então, quem precisa recorrer à crédito ou quer financiar grandes compras, como a de um veículo ou imóvel, vai se deparar com um momento complexo para tais movimentações.
Apesar da previsão de manutenção da taxa Selic em 15% ao ano, qualquer planejamento feito nesse momento deve ser cauteloso, uma vez que o cenário é incerto. Vale lembrar que a diversificação da carteira de investimentos é uma estratégia crucial para passar por períodos como esse.
No momento, é possível aproveitar os investimentos em renda fixa que se beneficiam desses juros. A curto prazo, ativos como CDBs de bancos sólidos e com liquidez diária, bem como o título Tesouro Selic são boas alternativas.
Com a taxa Selic 2025 em 15%, as atenções agora se voltam para os próximos passos da política monetária e o que esperar em 2026 e 2027.
O mercado começa a vislumbrar uma queda gradual da Selic a partir de 2026. Segundo as projeções mais recentes da pesquisa Focus, a taxa deve encerrar o ano em torno de 12,5% a.a., recuando para cerca de 10,5% em 2027. Cenário que depende diretamente do comportamento da inflação e do fiscal do país. Já o time de especialistas do C6 Bank adota uma visão mais cautelosa com estimativas que apontam para a manutenção da Selic em 15% ao longo de 2026.
O mercado financeiro prevê uma redução gradual da taxa Selic a partir do próximo ano e o Banco Central mantém sua postura cautelosa. Conforme divulgado nos últimos comunicados da Copom, os cenários externo e interno demandam atenção e uma futura Selic mais baixa depende de muitos fatores, como:
Como a Selic está em patamar elevado, e assim deve se manter por algum tempo, os investimentos em renda fixa são mais atrativos para quem deseja investir no curto prazo. Essas aplicações se beneficiam da alta taxa, gerando melhores rendimentos de forma segura.
Por outro lado, quem deseja tomar crédito nesse período deve fazer um robusto e cuidadoso planejamento. Afinal, como mencionamos, a Selic é a taxa básica de juros do país, usada como referência para demais taxas, incluindo as de empréstimos e financiamentos. O custo desse tipo de operação financeira só deve começar a ceder a partir de 2026, juntamente com a descida da Selic.
São muitas as incertezas do mercado e as mudanças na economia. Diante disso, ter à disposição uma instituição financeira que oferece soluções completas, consultoria personalizada e produtos alinhados ao seu perfil pode ser um diferencial.
Descubra alguns dos recursos que o C6 Bank disponibiliza para facilitar seu planejamento financeiro.
Há quem prefira investir só. Mas, caso queira acompanhamento profissional, não deixe de verificar recomendações de carteiras no próprio aplicativo, bem como acessar a assessoria humana profissional para montar sua estratégia.
O C6 Bank oferece uma ampla gama de produtos financeiros e você pode escolher os ativos que correspondem ao seu perfil e metas. Se quiser aproveitar a taxa Selic atual, por exemplo, existem títulos públicos, como o Tesouro Selic, CDBs e fundos DI com diferentes prazos e rendimentos para selecionar.
É possível transformar desafios econômicos em oportunidades, mas lembre-se de sempre planejar conforme sua estratégia, necessidades e objetivos.
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Até a próxima!
Importante: Este conteúdo tem caráter meramente informativo e não deve ser entendido como recomendação de compra ou venda de ativos
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