Securitizadora: o que é e como funciona 

Ao transformar valores a receber em títulos de securitização são viabilizadas diversas operações financeiras

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O mercado de crédito estruturado é de importante relevância dentro do Brasil. E isso se deve principalmente às empresas em busca de alternativas de financiamento e aos investidores que querem diversificar suas carteiras. É nesse cenário que a securitizadora desempenha uma função estratégica ao transformar recebíveis em títulos negociáveis, como os CRIs e CRAs.  

Neste artigo, vamos apresentar a securitizadora: como funciona, sua importância, os benefícios e os riscos para quem investe. Além disso, você vai ler exemplos de atuação desse tipo de empresa no mercado brasileiro para entender na prática como a securitização atua no dia a dia.  

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O que é uma securitizadora 

Uma securitizadora é uma companhia especializada em converter direitos creditórios em títulos negociáveis no mercado de capitais. Ela transforma aqueles valores que uma empresa tem a receber, como parcelas de financiamentos, contratos de aluguel ou vendas a prazo, em ativos com rentabilidade atrativa a investidores. Quando esses são comprados, gera-se o recurso para a securitizadora pagar a empresa. 

Então, esse tipo de operação permite que as empresas credoras recebam o dinheiro de forma antecipada. Isso é, não precisam aguardar o término das prestações de uma compra, por exemplo, o que gera mais flexibilidade nas operações financeiras cotidianas. Ao mesmo tempo, para os investidores envolvidos, essa é uma oportunidade de acessar títulos que podem diversificar sua carteira e ter, em troca, um retorno com acréscimo de juros. 

Para assegurar a segurança desse sistema, a regulamentação da securitizadora é feita pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e pelo Banco Central (BC). Assim, a primeira estabelece regras para a emissão, divulgação e governança, ao passo que o BC supervisiona o impacto dessas operações, bem como a estabilidade do mercado. 

Como funciona uma securitizadora na prática 

Embora seja uma alternativa de acesso à crédito bastante comum, esse sistema é complexo e envolve diferentes frentes. Assim, vale aprender quem são os principais agentes envolvidos nessas operações: 

  • Credor: é a empresa que tem contas a receber, como cheques, duplicatas, aluguéis, valores parcelados no cartão de crédito ou em financiamento; 
  • Securitizadora: é uma companhia que funciona como uma Sociedade Anônima (S.A.) e assume a responsabilidade de administrar e gerenciar os direitos creditórios, convertendo-os em títulos negociáveis; 
  • Investidor: é a pessoa física ou jurídica que compra os títulos de securitização (CRIs, CRAs). Eles podem ter rentabilidade nessa operação devido aos pagamentos de capital com juros adicionados.  

Com essa base explicada, vamos explorar como funciona a securitizadora de crédito em quatro etapas bem definidas: 

  1. Originação - a empresa que tem direito aos recebíveis procura uma securitizadora para transformar esses valores que receberia no futuro em dinheiro imediato; 
  1. Estruturação - os riscos da operação são analisados pela securitizadora que define o modelo de emissão e estrutura os títulos para oferta no mercado; 
  1. Emissão - são criados os títulos de securitização, como os CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários) e os CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio); 
  1. Distribuição - os títulos são colocados à venda no mercado por meio de corretoras ou plataformas de investimento.  

Ainda sobre os títulos de securitização, é importante diferenciar suas especificidades. Assim, o CRI é para contratos relacionados ao setor imobiliário, como contratos de venda de imóveis financiados. Já o CRA está associado ao agronegócio, como na exportação de grãos ou na venda de insumos agrícolas. Ambos são títulos especialmente atrativos por não sofrer cobranças de imposto de renda no resgate, mas vale se atentar ao fato de que esses são investimentos de médio e longo prazo

Diferença entre securitizadora, banco e factoring 

Embora todos trabalhem com operações de crédito, há distinções entre como banco, securitizadora e factoring trabalham, tanto na regulação que seguem quanto no foco e público-alvo. Assim, vamos explorar como cada um desses agentes operam: 

  • Securitizadoras atuam no mercado de capitais, de maneira a transformar recebíveis em títulos negociáveis para que possam ser vendidos a investidores; 
  • Bancos oferecem crédito diretamente ao cliente, mediante análises, captando recursos via depósitos e outras operações financeiras; 
  • Factorings compram recebíveis de empresas, geralmente de menor porte, com recursos próprios e assumem o risco da inadimplência. 

Benefícios e riscos para investidores 

Agora que já está claro o que é securitizadora de crédito e seu funcionamento, vale a pena entender por que esses títulos de securitização (CRIs, CRAs) têm chamado cada vez mais a atenção dos investidores.  

Assim, como benefícios, podemos destacar: 

  • Diversificação: com o acesso a ativos de setores estratégicos como agronegócio e imobiliário; 
  • Rentabilidade: já que os títulos tendem a oferecer taxas atrativas; 
  • Isenção de IR: que se aplicam em alguns casos, em especial para pessoas físicas. 

Mas, antes de investir nesse tipo de ativo, há sempre que se considerar os riscos envolvidos. Entre os principais estão: 

  • Crédito: existe a possibilidade de inadimplência da empresa que originou os recebíveis; 
  • Mercado: o valor dos títulos pode ser afetado por variações nas taxas de juros; 
  • Liquidez: pode ser difícil vender os títulos antes do vencimento. Por exemplo, no caso de CRIs e CRAs, o resgate deve ser feito no vencimento. 

Exemplos de atuação no mercado brasileiro 

As securitizadoras têm ampliado sua presença na economia brasileira, especialmente em setores em que há grande volume de recebíveis e demanda por financiamento estruturado. Os principais segmentos em que atuam são: 

  • Imobiliário: empresas do setor utilizam a securitização para antecipar recursos futuros de vendas financiadas ou contratos de aluguel; 
  • Agronegócio: produtores e cooperativas recorrem à securitizadora para financiar safras, exportações ou aquisição de insumos. É uma alternativa para levantar capital sem depender somente do crédito bancário, por exemplo; 
  • Infraestrutura: quando envolvem contratos de longo prazo com fluxo previsível de recebíveis, projetos de energia, saneamento e logística também podem ser financiados por securitizadoras.  

Esse modelo é eficaz para empresas que precisam de liquidez e para investidores que buscam ativos com rentabilidade atrativa e, sobretudo, exposição a setores estratégicos da economia. E há dados representativos quanto a isso. Segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (ANBIMA), as ofertas no mercado de capitais já acumulavam R$ 453,3 bilhões em agosto de 2025. Já os CRIs somaram R$ 29,9 bilhões em emissões, enquanto os CRAs alcançaram R$ 23,2 bilhões. 

O papel das securitizadoras 

Em resumo, as securitizadoras têm muita importância dentro do mercado de capitais, pois atuam como intermediárias entre empresas que precisam de recursos e investidores que querem rentabilidade. Dessa forma, a securitização viabiliza operações que não seriam possíveis apenas por meio do financiamento público e bancário. Como resultado, também fortalece o crédito privado no Brasil. 

Essa flexibilidade é especialmente importante para setores como o imobiliário e o agronegócio. Isso porque ao mesmo tempo que possuem grande volume de vendas a prazo, esses segmentos precisam de liquidez para manter as operações diárias. Por outro lado, para os investidores a securitizadora tem significado de acesso a ativos atrativos, diversificação de risco e até isenção de imposto de renda, em certos casos.  

Conhecer mecanismos como esse é importante para que empresas e investidores possam atingir seus objetivos e manter a saúde financeira em dia. Aproveite para conhecer mais alternativas: 

Até a próxima!