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Resumo semanal: atividade resiliente no início do 3º trimestre no Brasil

Confira as principais notícias da semana (9/9 – 13/9), segundo a avaliação da equipe econômica do C6 Bank. Leia a íntegra do relatório

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Internacional

Estados Unidos: inflação controlada reforça expectativas de corte de juros

A inflação ao consumidor teve um aumento moderado, em linha com a expectativa. O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) subiu 0,2% em agosto frente ao mês anterior, de acordo com o Departamento do Trabalho. O núcleo do índice, que exclui alimentos e energia, registrou aumento de 0,3%. Apesar da leve alta, a inflação continua apresentando boa composição, com queda contínua dos preços de bens e desaceleração dos preços de serviços. Em 12 meses, o núcleo do CPI continuou acumulando alta de 3,2%, permanecendo acima da meta. A inflação ao produtor (PPI, na sigla em inglês) também subiu 0,2%, no mês, acima do esperado, mas com revisão para baixo do mês anterior. Nos últimos 12 meses, o núcleo do PPI, que exclui alimentos e energia, permaneceu em 2,4%, com os serviços mantendo tendência de queda. O crescimento baixo do PPI pode continuar contribuindo para uma menor pressão sobre a inflação ao consumidor.   

Em nossa visão, a desaceleração da inflação em curso e o esfriamento do mercado de trabalho devem levar o banco central americano (Federal Reserve – Fed) a iniciar, na próxima semana, o ciclo de corte de juros. Acreditamos que o Fed escolherá o caminho de ajuste gradual, com três cortes de 25 pontos-base (pb) nas reuniões restantes de 2024, mas reconhecemos que a autoridade monetária poderá acelerar os cortes para 50 pb, caso o mercado de trabalho mostre deterioração.

O índice de otimismo das pequenas empresas, medido pela Federação Nacional de Empresas Independentes (NFIB, na sigla em inglês), diminuiu 2,5 pontos para 91,2 em agosto, e permanece abaixo da média pré-pandemia. Segundo a pesquisa, a inflação continua sendo o principal problema das pequenas empresas.

Em relatório semanal, os pedidos iniciais de seguro-desemprego continuaram em níveis baixos para padrões históricos, em 230 mil na semana encerrada em 7 de setembro.

Europa: BCE corta juros em meio à fraqueza da economia

A guerra entre Rússia e Ucrânia está no terceiro ano e continua sem perspectiva de fim próximo.

O Banco Central Europeu (BCE) diminuiu suas três taxas de juros, conforme esperado. A taxa de depósito, principal instrumento para transmissão da política monetária, foi para 3,5% após o corte de 25 pb. Essa é a segunda decisão de redução de corte de juros que ocorreu após a pausa em julho. O BCE justificou o corte em razão de suas perspectivas de inflação mais moderada a partir de 2025, com o núcleo do índice alcançando a meta de 2% em 2026. A autoridade monetária, no entanto, reconheceu uma persistência da inflação, em razão de salários, que seguem pressionando o índice de preços, mas prevê uma moderação à frente. As projeções do Banco para o crescimento do PIB diminuíram levemente para 0,8% este ano, para 1,3% em 2025 e para 1,5% em 2026. O comunicado reafirmou que as próximas decisões seguem dependentes de dados e serão tomadas a cada reunião. A presidente do BCE, Christine Lagarde, disse que a decisão foi unânime e que a trajetória de ajustes de juros não está pré-definida, voltando a reafirmar que as decisões seguem baseadas em um conjunto de dados. Em nossa visão, o BCE deve seguir com um ajuste gradual na política monetária e permanecerá atento à trajetória da inflação.

A produção industrial voltou a apresentar contração. Segundo o Eurostat, o índice registrou queda de 0,3% em julho frente ao mês anterior com ajuste sazonal, depois de ficar estável em junho. Excluindo a Irlanda – país que costuma introduzir volatilidade ao índice, em razão de direitos de propriedade intelectual e instalações fora do país – e que teve forte desempenho no mês, a produção industrial da região caiu 1,2%. Houve queda na produção da Alemanha (-3%), da França (-0,5%) e da Itália (-0,9%).

No Reino Unido, a atividade ficou estável no mês de julho, de acordo com a divulgação do PIB mensal reportado pelo Escritório Nacional de Estatísticas (ONS, na sigla em inglês). Foi o segundo mês seguido de crescimento nulo, depois de um início de ano mais forte. O resultado ficou abaixo do esperado, com crescimento modesto no setor de serviços (0,1%) que segue impulsionando a atividade, e contração na produção da indústria (-0,8%) e no setor de construção (-0,4%).

O mercado de trabalho britânico mostrou sinais de moderação. De acordo com o ONS, a taxa de desemprego diminuiu para 4,1% nos três meses até junho, conforme esperado. A pesquisa continua com um problema de amostra reduzida e, portanto, os resultados devem ser interpretados com cautela. Dados preliminares de contratações vieram fracos para o mês de agosto, mas a tendência da série tem sido de alta. O número de vagas abertas vem caindo e a taxa de vacância (vagas não preenchidas/vagas totais) voltou ao nível pré-pandemia, sugerindo menor pressão sobre salários à frente. Nos três meses até julho, houve desaceleração no ganho médio semanal (excluindo bônus), de 5,4% para 5,1% comparado ao mesmo período do ano anterior. Apesar da desaceleração, o ritmo de crescimento dos salários segue forte e acima da inflação.

Em nossa visão, o Banco da Inglaterra deve continuar com sua política monetária de alívio gradual dos juros, em meio a desaceleração da inflação e sinais mais moderados do mercado de trabalho. Acreditamos que a taxa será mantida em 5% na próxima decisão deste mês (19/9), depois do primeiro corte realizado em agosto.

China: exportações seguem fortes

A balança comercial registrou superávit de 91 bilhões de dólares em agosto, resultado maior do que o esperado, com forte desempenho das exportações e fraco crescimento de importações. Comparado ao mesmo mês do ano passado, as exportações de mercadorias cresceram 8,7%, acima do esperado, depois de desapontarem em julho. As importações tiveram leve aumento de 0,5%, refletindo o fraco consumo doméstico. Comparado ao mês anterior, as exportações cresceram para vários destinos – Estados Unidos, Europa, Japão, Ásia emergente e América Latina. Por categoria, as exportações de produtos mais sofisticados, como eletrônicos e celulares, seguem uma tendência de alta, enquanto as de produtos mais simples (calçados, vestuário, brinquedos) mantêm queda. 

A participação da China nas exportações globais deu um salto em 2020 e segue elevada, acima de 14%, recompensando os esforços de diversificação de destinos e produtos, além dos preços baixos. As exportações têm sido um importante motor para o crescimento do país, em meio a contração do setor imobiliário e fragilidades do consumo doméstico. No próximo ano, o desafio para o comércio internacional chinês será grande, em razão das tarifas impostas pelos Estados Unidos e Europa, além de possível maior aperto de políticas comerciais nos EUA, a depender do resultado das eleições presidenciais.

A inflação ao consumidor segue baixa. O CPI acumulou alta de 0,6% nos 12 meses até agosto, segundo o Escritório Nacional de Estatísticas chinês (NBS, na sigla em inglês). O leve aumento se deve a aceleração nos preços de alimentos, enquanto preços de bens e serviços permaneceram baixos em meio a fraca demanda doméstica. O núcleo da inflação, que exclui alimentos e energia, diminuiu para 0,3% no período, menor crescimento no ano. O índice de preços ao produtor (PPI) continuou recuando pelo vigésimo terceiro mês, com queda de 1,8%, devido ao enfraquecimento de preços de metais, materiais relacionados à construção e à energia. A inflação deve continuar baixa no país, em razão do excesso de capacidade instalada e da fraca demanda local.

O crédito agregado veio praticamente em linha com o esperado. O fluxo aumentou 3 trilhões em agosto em relação ao mês anterior, segundo o Banco do Povo da China (PBOC, na sigla em inglês). A expansão ocorreu principalmente em razão da emissão de títulos públicos, enquanto empréstimos às famílias seguem baixos em meio à fraqueza na venda de imóveis.

Commodities: alta volatilidade no petróleo

No Oriente Médio, o conflito entre Israel e Hamas completou onze meses. As negociações para um cessar-fogo na região continuam. Os ataques de Houthis às embarcações no Mar Vermelho seguem afetando o frete marítimo global. A crise geopolítica na região pode demorar algum tempo.

O preço futuro do petróleo (Brent) apresentou alta volatilidade na semana, chegando a ficar abaixo de 70 dólares por barril, com pessimismo quanto a demanda global em razão da desaceleração do crescimento da China, maior importador no mercado internacional. A Agência Internacional de Energia reforçou as preocupações ao afirmar que a demanda global está diminuindo acentuadamente e que em 2025, deve haver excesso de oferta mesmo que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (OPEP+) prolongue os cortes de produção. No fim da semana, o preço da commodity voltou a 72 dólares por barril, mesmo patamar da semana anterior, pressionado pela interrupção de parte relevante da produção do Golfo do México – responsável por 15% da produção americana –afetada pela passagem de um furacão na região.

O preço futuro do gás natural na Europa diminuiu 3%, e segue baixo. O preço do gás continua menos da metade do que era antes do início da guerra entre Rússia e Ucrânia.

Entre as commodities agrícolas, os preços ficaram praticamente estáveis na semana (5-12/set) depois de aumentos na semana anterior. Os preços futuros do trigo e do milho ficaram estáveis, enquanto o preço da soja recuou 2%. Os preços do trigo, do milho e da soja seguem tendência de queda desde meados de 2023.

Brasil

Focus: expectativas indicam ciclo de alta da Selic este ano

As projeções para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador de inflação oficial do país, apresentaram alta para 2024 (de 4,26% para 4,30%) e ficaram estáveis tanto para 2025 (3,92%) quanto para 2026 (3,6%). O número esperado para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) teve uma elevação para 2024 (de 2,46% para 2,68%) e para 2025 (de 1,85% para 1,90%). A taxa Selic subiu de 10,5% para 11,25% para 2024 e de 10% para 10,25% para 2025, sinalizando a expectativa de um ciclo de alta de juros já na próxima reunião do Copom. Para 2026, não houve alteração (9,5%). As projeções estão no Boletim Focus, relatório do Banco Central que reúne a expectativa das instituições financeiras em relação aos principais indicadores econômicos do país.

Atividade: serviços e varejo em expansão no mês de julho

A Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) de julho apontou que o volume de serviços registrou alta de 1,2% na comparação mensal, acima do esperado pelo mercado (0,0%) e da nossa projeção (-0,8%). O destaque positivo foram os serviços profissionais, administrativos e complementares, que subiram 4,2%. Parte do forte desempenho pode ser justificado por uma correção nos dados reportados por uma grande empresa participante da PMS, que estava informando receitas subestimadas anteriormente.

A Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) de julho apontou crescimento de 0,1% frente ao mês anterior no volume de vendas do comércio varejista ampliado, melhor do que o esperado por nós e pelo mercado (-0,5%). Em relação ao nosso número, a surpresa positiva foi espalhada entre as séries que compõem o índice. No varejo restrito, as vendas registraram expansão de 0,6% na comparação mensal e subiram 4,4% na anual. Para 2024, projetamos que o varejo ampliado deva subir em torno de 5%.

A divulgação destes dados de julho sinaliza resiliência da economia no início do 3º trimestre.

Inflação: IPCA de agosto aponta para uma inflação de serviços ainda pressionada

O IPCA caiu 0,02% em agosto, segundo dados divulgados hoje pelo IBGE. Esse resultado veio um pouco abaixo da nossa projeção e da projeção do mercado (+0,02%). As surpresas vieram concentradas nos grupos de serviços subjacentes e monitorados (principalmente gasolina), compensadas parcialmente pelo número maior em alimentação no domicílio. Nos últimos 12 meses, o IPCA acumula alta de 4,2%. A inflação de serviços subjacentes, número que é acompanhado com mais atenção pelo Banco Central, registrou alta de 5,1% no acumulado em 12 meses e segue sem sinais de desaceleração. Vale mencionar que, no mês anterior, este número era de 4,9%. Nossa projeção é que o IPCA feche o ano em 4,7%, acima do teto da meta. Para 2025, prevemos que a inflação fique em 4,8%. Na nossa visão, a Selic deve ser mantida em 10,5% até o final do ano, mas reconhecemos a possibilidade de o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) dar início a um breve ciclo de alta. Para 2025, nossa projeção é que o Copom retome os cortes na taxa básica, levando a Selic para 9%.  

                                             

Equipe Econômica C6 Bank

Felipe Salles                   Head

Claudia Moreno      Head Brasil

Claudia Rodrigues    Head Internacional

Felipe Mecchi               Internacional

Heliezer Jacob            Brasil

Este relatório foi preparado pelo Banco C6 S.A.

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