Indicador revela se país vendeu mais do que comprou do exterior e ajuda a entender o impacto do comércio internacional sobre o câmbio, os preços e o crescimento econômico.
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A balança comercial está entre os indicadores que melhor refletem a relação de um país com o mercado internacional. Ela mostra o resultado das trocas de bens entre nações e revela quanto dinheiro circula para dentro e para fora da economia.
O time econômico do C6 Bank, por exemplo, em relatório de outubro de 2025, projeta que no deste ano o Brasil terá um saldo positivo de US$ 57 bilhões nas trocas com outros países, valor que pode chegar a US$ 74 bilhões em 2026.
Segundo a equipe econômica, esse desempenho reflete a combinação entre demanda global estável, câmbio mais alto e ritmo moderado da atividade econômica, fatores que influenciam o câmbio, os preços e o poder de compra.
Nesse texto, você irá entender como funciona a balança comercial, quais fatores afetam seu resultado e o que as projeções indicam sobre o comércio exterior brasileiro.
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A balança comercial é um indicador econômico que mostra a diferença entre o valor das exportações e o das importações de um país em determinado período. Em outras palavras, indica se o país vendeu mais do que comprou do exterior ou o contrário.
Existem dois conceitos importantes para entender o funcionamento da balança comercial:
O indicador ajuda a medir a competitividade da produção nacional e a influência do comércio exterior sobre o câmbio e o nível de atividade econômica. Além disso, ele serve como sinal de equilíbrio ou de desequilíbrio entre o que a economia produz, consome e demanda do resto do mundo.
Por isso, acompanhar a balança comercial permite entender tendências que afetam o dólar, os preços internos e o poder de compra das famílias. Quanto mais forte o desempenho das exportações, maior tende a ser a entrada de divisas e a estabilidade econômica no longo prazo.
O cálculo da balança comercial é simples: basta subtrair o valor das importações do valor das exportações de um país no mesmo período. A fórmula pode ser representada dessa forma:
Exportações − Importações = Saldo da Balança Comercial
Se o resultado for positivo, o país vendeu mais do que comprou e obteve um superávit. Se for negativo, significa que importou mais do que exportou, o que gera um déficit.
Por exemplo, imagine que um país exporte US$ 400 bilhões e importe US$ 300 bilhões em um ano. O saldo da balança comercial será positivo em US$ 100 bilhões, ao indicar entrada líquida de recursos na economia. Se as importações fossem maiores, o resultado seria o oposto.
Além disso, o cálculo pode ser feito de forma mensal, trimestral ou anual, o que permite acompanhar tendências e identificar períodos de expansão ou retração do comércio exterior.
Esses dados são divulgados periodicamente pelo governo e servem de base para análises econômicas que avaliam o desempenho do setor externo e os impactos sobre a economia interna. Essa leitura ajuda governos, empresas e investidores a entender como o cenário internacional influencia a atividade econômica e o valor da moeda local.
O resultado da balança comercial pode assumir diferentes formatos, de acordo com a origem das receitas e despesas envolvidas nas trocas internacionais. Esses saldos ajudam a entender não apenas se o país vendeu mais do que comprou, mas também de onde vem cada movimento de entrada ou saída de recursos.
O saldo primário mostra o resultado direto do comércio de bens e serviços. Ele indica o quanto o país ganhou ou perdeu nas operações ligadas à produção e ao consumo.
O saldo secundário reúne transferências que não envolvem a troca de bens, mas sim remessas de trabalhadores, doações, bolsas de estudo e pensões pagas ou recebidas do exterior.
O saldo nominal combina todas as transações do país com o exterior, o que inclui comércio, serviços, rendas e transferências. Ele oferece uma visão completa do relacionamento econômico com o resto do mundo.
Quando exportações e importações ficam em níveis próximos, o país vive um equilíbrio comercial. Esse cenário costuma refletir estabilidade no comércio exterior, controle do câmbio e menor vulnerabilidade às oscilações globais.
A balança comercial brasileira reflete a diversidade e a composição da economia do país. De acordo com dados do Comex Stat, sistema do governo federal que reúne estatísticas oficiais de comércio exterior, os produtos e parceiros que mais contribuem para o fluxo comercial brasileiro ajudam a entender essa dinâmica.
As estatísticas oficiais indicam que o Brasil se destaca pela força no agronegócio e na produção de recursos naturais, ao mesmo tempo em que mantém forte relação comercial com países de tecnologia e indústria avançada.
Segundo dados do portal oficial de comércio exterior do governo federal, a China é hoje o principal parceiro comercial do Brasil, com destaque nas compras de commodities agrícolas e minerais. Os Estados Unidos aparecem em seguida, com participação relevante nas trocas de commodities e produtos industrializados. A União Europeia, por sua vez, mantém posição de destaque nas relações de comércio em setores de energia, alimentos e manufaturados.
A balança comercial é afetada por um conjunto de variáveis internas e externas que alteram o ritmo das exportações e importações. Esses fatores determinam a competitividade da economia e o fluxo de recursos que entra e sai do país.
1. Ciclo econômico globalQuando a economia mundial cresce, aumenta a demanda por produtos brasileiros, especialmente commodities agrícolas e minerais. Em momentos de desaceleração global, as exportações tendem a diminuir, reduzindo o saldo comercial.
2. Taxa de câmbioUm câmbio mais alto torna os produtos nacionais mais baratos para quem compra do exterior, favorecendo as exportações. Já um real valorizado encarece as vendas externas e estimula as importações.
3. Preços das commoditiesO Brasil tem forte participação de produtos básicos na pauta de exportações. Assim, oscilações nos preços internacionais de soja, minério de ferro e petróleo impactam diretamente o saldo comercial.
4. Tarifas e barreiras comerciaisA adoção de tarifas de importação, cotas ou medidas de protecionismo em outros países pode limitar o acesso dos produtos brasileiros a determinados mercados. Da mesma forma, políticas internas podem afetar o custo e a competitividade das importações.
5. Crises políticas e eventos climáticosInstabilidades políticas, guerras e desastres naturais alteram o funcionamento das cadeias globais de produção e transporte, afetando preços e volumes negociados no comércio internacional.
Esses elementos se combinam e influenciam de forma diferente a cada momento. Por isso, o acompanhamento regular dos dados da balança comercial ajuda a entender o comportamento da economia e a antecipar tendências que podem afetar o câmbio, o consumo e a produção.
A balança comercial e o câmbio mantêm uma relação direta e constante. Quando o real perde valor em relação ao dólar, os produtos brasileiros ficam mais baratos para quem compra do exterior, o que tende a impulsionar as exportações. Ao mesmo tempo, os produtos importados ficam mais caros, o que reduz as compras internacionais e melhora o saldo da balança comercial.
O cenário contrário ocorre quando o real se valoriza. Nessa situação, as exportações perdem competitividade e as importações se tornam mais vantajosas. Com isso, o saldo comercial pode diminuir e o país passa a depender mais de produtos estrangeiros.
Além disso, o próprio desempenho da balança comercial também influencia o câmbio. Quando há grande entrada de dólares por causa das exportações, a oferta de moeda estrangeira aumenta e o real tende a ganhar força. Já em momentos de maior saída de divisas, seja por importações ou pelo pagamento de serviços e juros ao exterior, o dólar volta a subir.
De acordo com o Relatório Macroeconômico do C6 Bank, divulgado em outubro de 2025, o câmbio deve encerrar o ano em R$ 5,50 por dólar e chegar a R$ 6,00 em 2026. O estudo aponta que, embora o dólar tenha perdido força no mercado global, fatores internos, como o aumento da dívida pública, limitam uma valorização mais expressiva do real.
Essa dinâmica mostra que a variação cambial não depende apenas da economia internacional. Ela reflete também o desempenho do comércio exterior e as expectativas sobre política fiscal, crescimento econômico e equilíbrio das contas externas.
Entender os movimentos da economia exige acompanhar indicadores que mostram como o país se conecta ao mercado global. A balança comercial, o câmbio, a inflação e o crescimento do PIB estão entre os dados que ajudam a identificar tendências e a planejar decisões financeiras com mais segurança.
Nesse contexto, os Relatórios Macroeconômicos do C6 Bank reúnem análises detalhadas sobre comércio exterior, taxa de câmbio, contas externas e projeções de crescimento. Produzidos pelo time econômico do banco, esses estudos oferecem uma visão técnica e atualizada do cenário nacional e internacional, ajudando a interpretar os principais fatores que influenciam a economia.
Como complemento, o podcast MacroReview, também conduzido pela equipe econômica do C6 Bank, aprofunda os assuntos mais recentes e discute os impactos das mudanças no cenário global e doméstico.
Para ouvir as análises na íntegra no Spotify, basta buscar Macro Review ou clicar neste link. O podcast também está disponível nas plataformas Amazon Music, Apple Podcasts, Pocket Casts, iHeartRadio e Deezer.
A balança comercial é um dos principais indicadores para entender o ritmo da economia e as relações do Brasil com o resto do mundo. Seu saldo mostra como o país se posiciona no comércio internacional e quais setores impulsionam o crescimento.
Além de refletir o desempenho das exportações e importações, a balança comercial influencia o câmbio, os preços internos e a confiança dos investidores. Acompanhar seus resultados ajuda a interpretar os movimentos do mercado, compreender tendências globais e planejar com mais clareza o futuro financeiro.
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